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Por Fatima C Cardoso*

Toda semana surge uma nova evidência científica mostrando como a exposição constante aos mais variados químicos utilizados nos produtos de uso diário, como material de limpeza ou cosméticos, afetam a saúde dos consumidores. Embora se espalhem boatos falsos pela internet, existem centenas de pesquisa que comprovam a relação entre alguns químicos utilizados em produtos de consumo com doenças como asma, infertilidade, câncer e outros problemas crônicos. A incerteza é tanta que a confiança do consumidor está abalada.

De olho nessa insatisfação, três grandes redes de supermercados americanas, a Target, a Wal-mart e a Whole Foods, lançaram políticas para incentivar produtos fabricados com químicos mais seguros. Essas empresas estão focando inicialmente em produtos cosméticos, de cuidados pessoais e higiene e limpeza.

As varejistas estão pedindo aos seus fornecedores, em primeiro lugar, que conheçam em detalhe os componentes dos insumos utilizados nos seus produtos, ou seja, que conheçam bem sua cadeia de produção. Em segundo lugar, cobram transparência das indústrias. Por fim, querem que os químicos mais agressivos parem de ser usados e que as indústrias se comprometam a uma melhoria contínua, usando ingredientes cada vez menos tóxicos.

As empresas que iniciaram esse movimento nos EUA estão prevendo um processo de substituição de médio prazo. A Target, por exemplo, criou o seu “Sustainable Product Standard” que estabelece uma pontuação para higiene pessoal, limpeza doméstica, cosméticos e produtos infantis e nele inclui a questão dos químicos, mas também outros problemas socioambientais. Esses produtos são classificados de acordo com os seguintes atributos: ingredientes (50 pontos), transparência (20 pontos), testes em animais (5 pontos), embalagens (20 pontos) e qualidade da água (5 pontos). O sistema de pontuação não define requisitos para os fornecedores. É um sistema para ajudar a orientar os fornecedores e ajudar a própria varejista na seleção de produtos.

Já a Wal-mart divulgou uma política para química sustentável também para os produtos de higiene pessoal, limpeza doméstica e cosméticos, onde define critérios a serem cumpridos, mas que é diferenciada nos produtos de marca própria e nos outros fornecedores. No caso da marca própria, a Wal-mart se compromete a cumprir, “na medida do possível”, os critérios chamados Design for the Environment (DfE), estabelecidos pela Agência Ambiental dos EUA. Para os fornecedores, as metas são ampliar a transparência (divulgação online dos ingredientes); redução ou eliminação de cerca de 10 produtos químicos inseguros prioritários e publicação de relatos de progresso em direção a essas metas em 2016.

A verdade é que não é tão simples substituir um químico perigoso de um produto. Em alguns casos, esse componente pode simplesmente ser eliminado, mas, em muitos casos, estes insumos desempenham uma função fundamental no produto. Se a substituição não for cuidadosamente estudada, pode-se trocar um problema por outro problema. Mas pelo menos há um movimento pela transparência e pelo direito de informação, permitindo que o consumidor faça compras mais conscientes.

PARA SABER MAIS

Guia para químicos sustentáveis – A organização americana, BizNGO, formada em 2006 de uma parceria com várias empresas e representantes da sociedade civil com o objetivo de promover o uso de ingredientes químicos seguros para a saúde e para o meio ambiente, acaba de lançar o “Guia para Químicos mais Seguros”. A ferramenta ajuda fabricantes, varejistas e compradores na substituição de produtos químicos altamente tóxicos por alternativas mais seguras. Veja mais em http://www.bizngo org/safer-chemicals/guide-to-safer-chemicals.(AE)

* Fátima C. Cardoso é jornalista, com Pós-Graduação em Ciência Ambiental, e especialista em assuntos ligados à sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.

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