Geralmente, as pessoas que praticam esportes ao ar livre são aquelas que se identificam como amantes da aventura, amantes da natureza e buscam constantemente viver em harmonia e desfrutar das belezas e emoções que a natureza oferece. Durante o Rally do Queijo realizado na cidade de Vargem Bonita-MG, aos pés da Serra da Canastra, os amigos Dejair da Silva Vera e Renato Luiz Marcato, cientes das maravilhas que encontrariam, não perderam tempo e aproveitaram para levar suas famílias para passear e apreciar a beleza da região.

Dentre os passeios, não poderia faltar a visita à maravilhosa Cachoeira da Casca D’anta, localizada na Serra da Canastra, dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra. A visita foi perfeita: um dia esplendoroso, com um céu totalmente azul, um sol exuberante e uma temperatura agradável. A cachoeira estava magnífica, com um bom volume de água, tudo muito perfeito.

No entanto, mesmo com a permissão gentil do agente da guarita do parque para que todos pudessem acessar o parque em direção à cachoeira, deparei-me com uma situação que mexeu comigo.

Ao longo do caminho, encontrei as duas famílias, incluindo o Sr. Dejair, participante do Rally do Queijo, cujo filho Davi também participou do rally como navegador. Davi tem mobilidade reduzida e precisa usar uma cadeira de rodas. Naquele momento, eles estavam tentando com muito esforço chegar ao acesso que proporciona uma visão completa da cachoeira. Mesmo após caminhar uma boa distância com muita dificuldade, não foi possível para Davi chegar, juntamente com todos os membros da família, a um local ideal para desfrutar e apreciar a imensa beleza que a Casca D’anta e a natureza oferecem naquele local.

Apesar da minha frustração, fiquei positivamente impressionado com o carinho, naturalidade e compreensão com que todos lidaram com a situação, sem qualquer tipo de reclamação, lamento ou descontentamento que pudesse atrapalhar aquele momento muito agradável. Inclusive Davi, que se mostrou alto astral, sempre alegre, descontraído e comunicativo, animando a todos. Tive o prazer e a felicidade de estar no local naquele momento e de poder acompanhar essas duas famílias muito agradáveis, principalmente recebendo mais uma lição de vida e desfrutando desse momento tão agradável. Fica, sim, o meu lamento e, quem sabe, a esperança de que possam providenciar acessibilidade em um lugar tão bonito e importante. Acredito que, pelas circunstâncias que nos deparamos, faltando tão pouco para chegar ao local, não seria difícil construir essa acessibilidade, que acredito não afetará o meio ambiente e a beleza natural do local. Pelo contrário, tenho certeza de que a natureza, que também tem vida, será grata por ter mais um admirador.

Uma pessoa com deficiência de locomoção pode ser comparada a um “observador encantado” da natureza. Ao contrário de muitos que podem percorrer livremente os caminhos e trilhas, essa pessoa tem a oportunidade única de parar, absorver e apreciar cada detalhe do mundo natural que a rodeia. Seus olhos se tornam asas que voam sobre as paisagens, capturando a beleza em todos os cantos e transformando-a em uma profunda admiração. Essa analogia ilustra como a limitação física não impede alguém de encontrar um senso de maravilha e conexão com a natureza e o próprio Deus que lhe guia, lhe sustenta e lhe dá vida, mesmo que seja através de olhares estáticos, mas repletos de emoção e gratidão.

Mauricio de Castro Rosa