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Por: Alcino de Freitas.

Lembro-me perfeitamente, tinha lá meus cinco ou seis anos de idade, morávamos ali na Rua Costa Sena, 153, e, aos domingos, meu pai me dava um banho de bacia para juntos irmos para o Estádio Fausto Alvim. Naquela época, papai era um dos bandeirinhas mais requisitados para atuar nas partidas de futebol, principalmente nos jogos do Najá Futebol Clube. Éramos pobres, mas muito felizes. Geralmente papai me deixava junto à torcida do Najá e ia para o vestiário se trocar para atuar como bandeirinha da partida programada. Ali, eu recebia uma bandeirinha branca e outra vermelha, cores do alvirrubro araxaense. Nós vibrávamos, torcíamos, cantávamos e foi assim que passei a gostar de futebol. Apesar da pouca idade,lembro-me muito bem da partida entre Najá x Ipiranga, em que o Charuto, do meio do campo, chutou contra o gol de Dario (aquele gol, ali do lado do ATC), e a bola entrou no cantinho, com o goleiro najaense se esticando todo, e a bola indo para o fundo das redes. O Ipiranga venceu a partida por 1×0.Ànoite, na Rua Boa Vista (Olegário Maciel), todos os torcedores do Ipirangafumavam um charuto para tirar um sarro nos najaenses. Outra partida de que também não me esqueço, entre Najá x Ipiranga, foi atarde em que o goleiro Zé Boné, do Ipiranga, saltou com o atacante Maneca, do Najá e acabou caindo em cima do Node, um volante de Formiga, que, na oportunidade, veio defender o Ipiranga e, com a queda do Zé Boné, acabou saindo morto do estádio. Nesta partida, até o momento deste chocante fato, o Ipiranga vencia o Najá, pelo placar de 1 a 0. O jogo ainda estava no primeiro tempo, depois do acontecido,Najá acabou virando o marcador e vencendo a partida por 2×1. Lembro-me também de algumas brigas entre os clubes de Araxá e clubes de Ibiá, São Gotardo. Brigas entre os próprios clubes de Araxá, mas eram brigas resolvidas dentro de campo. Aliás, outro dia eu fiquei sabendo de um caso, o qual eu achei muito engraçado. Contam que Walter Natal, quando deixou o Ipiranga e foi jogar pelo Najá, ganhou o apelido de “Bezerra”. Fato dos mais conhecidos em nossa cidade e que todo mundo está cansado de saber o porquê. Seu Pai, o senhor José Natal, um comerciante respeitadíssimo, certa feita, após uma partida do Najá, chegou em sua casa com o guarda-chuva todo empenado. Dona Tereza, sua esposa, preocupada, indagou-lhe: “o que houve, José, com o guarda-chuva? E a resposta foi imediata: “Enfiei na cabeça de um torcedor que xingou o Walter de Bezerra”. Eram estas pequenas coisas que aconteciam antigamente nos estádios de futebol. Agora hoje, as grandes torcidas organizadas marcam duelos pela internet. Duelos com mortes, depredações, queimas de ônibus, lutas contra policiais. Agora pergunto: “De onde vem tanta violência, tanto rancor de uma torcida contra a outra?Tenho 71 anos, será que um dia, ainda vou ter que brigar por dizer que sou torcedor do Santos Futebol Clube?Por esse motivo, os estádios hoje, não suportam mais 100.000 torcedores durante uma partida. Aquela felicidade de ir ao estádio no final de semana para torcer pelo seu clube não existe mais. Existe, sim aquela vontade de ir ao estádio, mas e o medo da violência? Tenho quatro netos, sendo três mulheres e o Vitor. Gostaria de levá-lo comigo, assim como meu pai sempre me levou. Gostaria de assistir, com ele, a um clássico como Atlético e Cruzeiro, no Mineirão, mas, quem nos garante? E isso vai durar até quando?

Por Editor1

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