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Apesar de o Mountain Bike não ser um dos esportes mais populares do Brasil, Henrique Avancini conseguiu mostrar sua força no Prêmio Brasil Olímpico e ficar com o título de Atleta da Torcida. Com uma ampla vantagem na votação, que teve o resultado divulgado na noite desta terça-feira, o ciclista deixou para trás outros grandes nomes do esporte do país, como Marta, do futebol, Bruno Rezende, do vôlei e Gabriel Medina, do surfe, bicampeão mundial no final de dezembro. Para Henrique, o resultado vai além de um reconhecimento do bom trabalho desenvolvido por ele e sua equipe no último ano — considerado pelo ciclista o melhor de sua carreira. Em agosto, o fluminense entrou para a história ao conquistar o título mundial de mountain bike maratona. Ele também conseguiu o segundo posto no ranking masculino de mountain bike da União Ciclística Internacional (UCI) e o 4º lugar geral do campeonato mundial de Cross-Country (XCO), a modalidade olímpica do esporte.

Depois de mais de duas décadas no ciclismo, Henrique acredita que, finalmente, conseguiu ter um ano consistente e até crescente como sempre quis. Modesto, ele vê a conquista não só como um reconhecimento por seu trabalho, mas também uma valorização da bicicleta. Em suas redes sociais, fez uma campanha singela por votos. Em um curto vídeo, o pedido era que seus seguidores mostrassem o quão forte é a comunidade do ciclismo. “A bicicleta é um instrumento que vai muito além, quebra barreiras da esfera esportiva e se comunica num leque que abrange muitas pessoas”, defendeu o atleta de 29 anos em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva. Segundo ele, esse grupo de seguidores passa por atletas, pessoas que usam a bicicleta como principal meio de transporte ou que tem as duas rodas como hobby. “Esse é um público que se identifica comigo e se identifica com a bike”, destaca.

É PRECISO TER GARRA

Mas os bons resultados mundo afora não são fruto de um talento inerte — pelo menos é o que defende Henrique. Ele largou a faculdade de direito aos 20 anos para se dedicar a modalidade. Treinando na Itália, passou por um período de conflito interno, quando se considerou “medíocre”. “Eu não tinha o dom natural e capacidade de pilotagem que os caras tinham”, recorda. E aí, era preciso multiplicar esforço, dedicação e trabalho.

De volta às terras tupiniquins, passou a ter uma missão pessoal. “O objetivo era largar nas provas com a certeza absoluta de que ninguém tinha treinado mais do que eu”, recorda. “Isso eu fui construindo aos poucos. Fui criando uma resiliência e, com o tempo, fui melhorando”.

“O que os outros atletas fizeram para chegar no meu nível foi muito menos difícil do que o que eu precisei fazer”, destaca Henrique.  “Os grandes e talentosos caminham em uma estrada asfaltada. Eu fui por estrada de chão. É um caminho mais difícil, dolorido, mas a experiência é maior, o que me dá um diferencial”.

É PRECISO TER GANA, SEMPRE

Henrique praticamente nasceu no mountain bike. Filho de um dono de loja voltada para bicicletas e cria das montanhas de Petrópolis, no Rio de Janeiro, começou na modalidade aos oito anos. O primeiro pódio veio ainda naquela época, conquistado em cima de uma bicicleta de segunda mão, montada por seu pai. Para ele, o sentimento é de uma eterna dívida com as duas rodas. “Quanto mais eu cresço, mas eu sinto que estou tirando da bicicleta. As experiências que eu tenho em cima dela me fazem ser alguém melhor”, destaca.

Experiências essas que, no último ano, ficaram à flor da pele. Isso porque seu processo para chegar no nível dos melhores foi muito intenso e até difícil de conseguir administrar com o corpo e a mente. “Eu aprendi muito sobre meus adversários identificando suas qualidades de dificuldades. Isso é importante porque, além de fazer um bom resultado, você tem que neutralizar o do adversário”, analisa Avancini.

Se o sonho de todo atleta profissional é ir aos Jogos Olímpicos, Henrique, apesar de manter o desejo, anda na contramão por não ter isso como principal foco. “Não me concentro muito nas Olimpíadas porque posso valorizar o esporte com outras provas, como venho fazendo”, conta o ciclista. “Sempre ressalto que quando falamos de Jogos Olímpicos na minha modalidade, estamos falando de uma chance de 90 minutos a cada quatro anos. Isso é extremamente incerto e variável”, finalizou o fluminense.

Por Editor1

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