Dentro das ações que fazem parte das atividades realizadas pela Câmara da Mulher Empreendedora da Acia no Outubro Rosa, uma exposição de quadros da artista plástica araxaense Consuelo Botelho Scarpelline, no salão de entrada do Teatro Municipal de Araxá, tem chamado muito atenção do público pela leveza, originalidade e homenagens a 20 mulheres que fazem parte da vida da artista. Em entrevista exclusiva ao JORNAL INTERAÇÃO, a artista plástica Consuelo Botelho Scarpelline, disse que, “ eu tinha muita vontade de pintar minha cachorrinha, Chanel. Surgiu a ideia então, de pintá-la homenageando mulheres inspiradoras pra mim. Pedi minha irmã, que é fotógrafa, para fazer algumas fotos da Chanel. Eu começaria então pela Frida Kahlo na foto em que ela foi capa da revista Vogue. Pintei a primeira e vi que a ideia era boa e teria grande chance de dar certo. A partir daí, aconteceram mais sessões de foto e depois que eu elegi a homenageada, era hora de procurar uma foto em que a Chanel, na mesma posição e com o mesmo olhar dela. E assim foi pintando os quadros durante mais ou menos dois anos.
Sobre “Mulheres que moram em mim”
São infinitas as janelas que se escancaram, hoje como nunca, para quem quer ver o mundo. Entre todas, uma há em que elas estão. As mulheres de Consuelo.. Elas, com seu jeito próprio de estar no mundo, seus estilos, suas individualidades assumidas. Consuelo as vê e as quer. Para estarem perto de si. Para retratá-las. Para se misturar com elas através de uma ponte, que é a ponte do feminino. O feminino com seus signos, suas possibilidades. As possibilidades exploradas por essas mulheres e as possibilidades a explorar que elas evocam. Essas mulheres, Consuelo as faz vivas, belas. As faz convite. Cada uma. Convite a que se aprofunde nas suas imagens, a que se debruce sobre suas trajetórias, a que se siga seus caminhos desbravados, seus lastros. São mulheres que a artista exibe desafiando o olhar de quem vê a mergulhar em certas existências que deixam marcas, pouco importando o âmbito e a dimensão destas marcas – nacionais, internacionais, de um universo restrito, particular. Elas foram e são elas. E estão prontas para serem desvendadas. No olhar e na indumentária poeticamente descrita em seus retratos nada convencionais. “Mulheres que moram em mim” é como elas se apresentam, nomeadas por Consuelo. A artista confessa que as capta e percebe com um olhar que não é exclusivo dela, mas um olhar compartilhado com sua mãe – o feminino primordial que a ensinou a não apenas ver, mas querer ver e admirar pessoas. Sobre essas mulheres que Consuelo ousa retratar de forma mais que surpreendente é preciso dizer que elas nos olham tanto quanto nós olhamos para elas.
A “atriz”
Consuelo tem um amor fiel anterior e posterior a “Mulheres que moram em mim”. É dela o ar de encantamento que se impõe em cada retrato. Ocupa também lugar privilegiado na inspiração do trabalho. A chihuahua Chanel. Antes de “incorporar” tantas personagens, emprestando seu corpo e especialmente seus olhos, ela tem sua imagem caprichosamente captada pelas lentes da fotógrafa Vanessa Botelho, de cujas fotos parte a construção em tinta dos retratos.
(Beatriz Afonso, jornalista)
Vivian Maier
Uma fotógrafa norte-americana que se mascarava
através da profissão de babá. Mulher inteiramente
independente e liberal. Tinha o objetivo de mostrar
às pessoas sua visão do mundo aprofundando-se
em street art. Guardava suas fotos que retratavam
Nova Iorque sem que ninguém soubesse da existência
delas, deixando aproximadamente 10.000 registros
fotográficos.
Mulheres Homenageadas:
Madre teresa
Foi uma missionária católica albanesa. Dedicou toda
a sua vida aos pobres e em 1979 recebeu o Prêmio
Nobel da Paz. Foi beatificada pela igreja católica em
2003 e canonizada em 2016.
Coralina
Heroina ela. Minha avó paterna. Rebelde, ousou fugir
com o namorado. Pelo resto da vida se superou em
tudo! Na lida brava da casa, partilhada com sete
homens. No pedal ágial da máquina de costura. Na
dureza da oficina mecânica, lado a lado com o marido.
Apaixonada. E poderosa. A vida toda. Sem nunca se
arrepender de nada.
Aracy Guimarães
Justa entre as nações. Aracy salvou inúmeros judeus
do holocausto, ajudando-os a entrar ilegalmente no
Brasil durante o governo de Getúlio Vargas. Foi
apelidada de O Anjo de Hamburgo.
Frida Kahlo
Mexicana, patriota, revolucionária. Frida desde criança sofreu
com problemas de saúde. Inspirada em si mesma, pintava
autorretratos surrealistas. A artista via beleza em meio a tragédia
e transformava suas limitações em arte.
Vó Olga
Vó. Palavra boa. Vó Olga. Melhor ainda! De verdade,
tia-avó materna. A deusa do colo. Colo de não se
esquecer. Jamais. De ficar na memória mais doce e
terna, entre panos de tear, bordados sem fim e
quitandas de não se acabar.
Amorosamente, Jane
Ela. Onde? Atrevida, arrisco supor: dentro do coração de
Santa Terezinha. Minha mãe. A saudade dói menos, vai
ficando mais leve, amena, na medida em que evoluo em
contemplá-la nessa criação (delírio?) tão distante do
convencional.
Aparecida
Minha avó. Alerta. Esperta. Amante dos pomares.
E dos pés de goiabas. Que ela disputava com os
passarinhos, cuidando de tecer saquinhos de pano
para vestir as frutas. Cuidado maior, só com os próprios
cabelos: volta e meia presos com rolinhos para lembrar
os cachos ruivos de outrora.
Coco Chanel
Estilista francesa e uma inovadora no campo da moda. Dizem
que Chanel não estava apenas além do seu tempo, mas à frente
de si mesma. Deu oportunidade para as mulheres se tornarem
mais livres e independentes, até mesmo na forma de se vestir.
Índia Suiá
Índia do Alto Xingu. Representa as mulheres indígenas
que assim como as africanas, compõem a nossa etnia,
que é tão variada. Nessa tribo em especial, as índias
fazem rituais que tem o objetivo de empoderar a figura
feminina.
Costanza Pascolato
Empresária e consultora de moda, nascida na Itália.
Faz parte da Academia Brasileira de Moda.
“Respeite sua essência, seja você mesma, é o jeito mais
inteligente de construir seu estilo, sua maneira de viver e
de se vestir. E você vai ver: estilo é fundamental para a
autoestima.”
Carolina Maria
Considerada umas das mais importantes escritoras
negras do Brasil. Foi pioneira e deu voz ao povo,
escrevendo sobre a vida da população mais pobre,
em uma época que eles ainda não eram alfabetizados.
Mariinha
Tia-avó. Irmã de meu avô Ismar. Mulher elegante. De
um refinamento de se notar. Afeita a delicadezas.
Mestra inconteste de primorosos trabalhos manuais.
Seus ares, penso e quero um pouco meus. Como
impressos no DNA.
Amy Winehouse
Cantora e compositora britânica. Me encantava a sua
forma única de cantar, a sinceridade nas suas letras e
a voz inesquecível. Amy me desperta para problemas
frequentes da nossa sociedade como o alcoolismo e
vício em drogas.
Mariinha
Tia-avó. Irmã de meu avô Ismar. Mulher elegante. De
um refinamento de se notar. Afeita a delicadezas.
Mestra inconteste de primorosos trabalhos manuais.
Seus ares, penso e quero um pouco meus. Como
impressos no DNA.
Africana
A imagem que peguei pra representar as mulheres
africanas, não tem autor conhecido, nem a identidade
da mulher da foto. Contudo, a escolhi para homenagear
as mulheres que também fazem parte do nosso sangue,
da nossa cultura brasileira.
Carmen Miranda
A Pequena Notável. Trabalhou na rádio, no teatro de
revista, no cinema e na televisão. Marcou a trajetória
da música brasileira. Sua personalidade carismática
fez com que se tornasse boneca de papel e até uma
personagem da Disney.
Anne Fisher
É uma astronauta norte-americana. Em Novembro de
1984, Fisher foi ao espaço na tripulação da STS-51-A,
missão de oito dias da nave Discovery. Tornou-se então,
a primeira mãe em orbita, com 192 horas acumuladas.
Anne é a personificação de meu sonho de criança:
me tornar uma astronauta.
Iris Apfel
Estadunidense, designer de interiores e empresária.
Iris encanta ao celebrar a velhice. Tornou-se um ícone
da moda depois dos 80 anos e serve de inspiração
para todas nós ao mostrar que é sempre tempo de
aproveitar a vida.
Audrey Hepburn
Considerada um ícone de estilo e a terceira maior
lenda feminina do cinema. Além disso, Audrey foi
uma figura muito importante como humanitária.
Dedicou-se ao trabalho voluntário em 1987 e
tornou-se a embaixadora na UNICEF, trabalhando
na instituição até o final da vida.
MALALA
Ativista paquistanesa. Logo em seus 15 anos, foi
baleada na cabeça por lutar pela educação feminina
em seu país. Sobreviveu e ganhou diversos prêmios,
incluindo o Prêmio Nobel da Paz em 2014.