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Nem sempre a história real da vida de um “Palhaço”, é colorida e cheia de alegria. Ainda mais, quando o homem que se transforma no personagem mais divertido e festejado pela criançada, no mundo do riso e da fantasia, é de origem humilde, solitário, simples, pobre e sofrido. Prá contar essa surpreendente e emocionante aventura de um “ Cidadão-Palhaço”,  o JORNAL INTERAÇÃO, começa a reportagem especial da semana, com outra historinha,  passada numa cidadezinha do interior, onde  apareceu um circo e que entre seus artistas havia um palhaço com o poder de divertir, sem medida, todas as pessoas da platéia e o riso era tão bom, tão profundo e natural que se tornou terapêutico. Todos os que padeciam de tristezas agudas ou crônicas eram indicados, pelo médico do lugar, para que assistissem ao tal artista que possuía o dom de eliminar angústia. Um dia, porém, um morador desconhecido tomado de profunda depressão procurou o doutor. O médico então, sem relutar, indicou o circo como o lugar de cura de todos os males daquela natureza, de abrandamento de todas as dores da alma, de iluminação de todos os cantos escuros do nosso jeito perdido de ser. O homem nada disse, levantou-se, caminhou em direção à porta e quando já estava saindo, virou-se, olhou o médico nos olhos e sentenciou: “Não posso procurar o circo… aí está o meu problema: eu sou o palhaço”.

“Hoje tem marmelada? Tem sim senhor!”

O palhaço encanta, sorri,  canta e mesmo nos momentos em que ele, tira a máscara, limpa a cara,  aprisiona o sonho e esconde o sorriso em sua alma triste, ele jamais vai perder a alegria. Ser palhaço é acordar para a vida. Foi essa magia do circo que se apossou do corpo, da alma e invadiu literalmente o coração de um menino de 7 anos de idade.  Encanto ou feitiço?  Uma  alegria especial e  colorida, que desafia o tempo e se renova a cada dia, na alma de seu Leãodinor Cândido Borges, de 63 anos. Pelo nome de batismo, poucos o conhecem. Mas, quando se trata do “ Palhaço Figurinha”, toda cidade sabe quem é ele; principalmente os baixinhos. O ex-ajudante de cozinha que nasceu no interior de Goiás e se mudou para Araxá, há 25 anos, é servidor municipal da prefeitura, onde trabalha, lotado na Secretaria de Saúde, como educador em saúde ou agente de endemias, há 16 anos. Um ofício executado com dedicação integral, que aliado a arte e a devoção de Leãodinor, pela magia do circo, tem  transformado a vida de muita gente com riso e brincadeiras. Ainda muito jovem ele perdeu a audição do ouvido direito, mas ganhou de presente o dom e a vocação de alegrar e fazer rir crianças e adultos.

O artesão da alegria e da reciclagem:

É num velho  casebre, feito de pré fabricado e coberto por folha de latão de zinco, no final da rua Ermida Soares, no bairro Salomão Drummond, perto do Canil Municipal, que  moram a alegria, as cores e um servo confesso do riso. O local onde vive seu Leãodinor, é precário, não tem conforto e pertence à prefeitura. Mas, mesmo na dificuldade e no improviso, ele faz daquele humilde espaço, mais que uma moradia. No local, o servidor público construiu uma pequena fabrica de sonhos, onde tem um depósito de materiais recicláveis, os quais ele transforma em brinquedos pedagógicos e educativos, que são doados a crianças carentes e a estudantes nas escolas onde ele realiza suas palestras, oficinas e atividades como educador em saúde, principalmente nas ações de combate à dengue no município de Araxá.  Segundo seu Leãodinor, “ os brinquedos ecológicos que a gente  fabrica com garrafa pet, pedaço de madeiras, toquinhos , latinhas, saco plástico, embalagens e caixas de papelão, a gente  doa para os meninos pobres,  no dia das crianças, no natal e como premio nas escolas onde a gente leva nossa mensagem.”  É de forma voluntária e espontânea, que seu Leãodinor, se revitaliza a cada dia para justificar o merecido premio que recebeu em 2013, o  “Prêmio Cidadãos do Mundo”. Mesmo sem dimensionar o tamanho e o valor do troféu que recebeu ele, é modesto ao falar da homenagem. O Prêmio Cidadãos do Mundo, já existe há 10 anos e é uma iniciativa do jornal “Hoje em Dia” de Belo Horizonte, que busca apoio e incentivo aos melhores projetos em prol do desenvolvimento sustentável. O Premio, tem como objetivos, valorizar, referenciar, premiar programas e projetos de cidadãos e organizações que visam ao desenvolvimento sustentável da sociedade, viabilizados pela parceria entre  governos, empresas e sociedade civil. São os chamamos de intersetorialidade social, projetos onde o governo, o mercado e a sociedade civil atuam,  juntos, em benefício da melhoria da sociedade. Leãodinor, recebeu o premio pelo “Projeto Escolinha Itinerante do Palhaço Figurinha”. Um  batizado por ele de  a  brinquedolândia ecológica.  Ele explica que, “ nos finais de semana, nas minhas folgas, em feriados e datas comemorativas, eu me transformo  no “ Palhaço Figurinha”, pego meu carro velho, coloco os brinquedos feitos de material reciclado, os carinhos de pipoca, algodão doce, o pula-pula, o touro mecânico, a cama elástica e vou para um bairro da periferia levar a mensagem da reciclagem, da amizade e da alegria de graça e fazendo graça para as crianças e suas famílias.”  Seu Leãodinor revela que tudo que ele faz, é bancado com parte  do salário mínimo, que recebe como servidor municipal. “ Isso é a minha vida. Dar alegria e ensinar as crianças o caminho do bem e nada paga isso. Meu sonho, é ter um espaço mesmo que pequeno,  para montar o Parquinho de brinquedos ecológicos do Figurinha, e poder dar alegria, diversão e um pouco de carinho e dignidade a essas crianças menos favorecidas, mas principalmente  poder  tirá-las das ruas e dos maus caminhos.”  Apossado pela humildade e timidez, seu Leãodinor, ainda fantasiado do seu maior orgulho o “ Palhaço Figurinha”, finaliza essa história dizendo com entusiasmo e fôlego juvenil, que lançou um novo desafio na sua vida em 2015; “ quero com a força de Deus, retirar das ruas de Araxá esse ano, um milhão de embalagens, para proteger o meio ambiente e transformá-las em brinquedos e ferramentas para alegrar e educar nossas criançainhas.” A reportagem do JORNAL INTERAÇÃO, esteve ao lado do senhor Leãodinor Cândido Borges, durante quatro dias e descobriu; que alheio a recompensa financeira ou material, ainda que no outono da vida, seu Leãodinor, mesmo na dificuldade, consegue dividir o pouco que tem, com quem não tem nada. A lição de vida e os exemplos do “Palhaço Figuirinha”, se  misturam com a coragem e as ações cidadãs e voluntárias desse servidor público de 63 anos. Além de ensinar a reciclar com  alegria,  seu Leãodinor,  deixa  como herança: as cores do amor puro e verdadeiro, a alegria do sorriso sincero, a dedicação à arte  e as lágrimas de emoção. E de lambuja, ele também deixa a graça;  pois sem ela não há palhaço e nem as gargalhadas da palhaçada!

Por Editor1

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