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Na última sexta-feira (25/1), o Brasil viveu mais uma grande tragédia. Uma barragem da mina de Feijão, da Vale, se rompeu na região de Brumadinho, cidade de 39.000 habitantes próxima da capital de Minas Gerais. O rompimento atingiu a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. Os danos ambientais, devem ser menores que os de Mariana (MG), o dano social imensurável, extrapolou todos os acidentes desta natureza no mundo, e pode chegar a mais de 300 mortos. Em entrevista, Fabio Schvartsman, CEO da Vale, afirmou: “O dano ambiental deve ser muito menor que Mariana, mas a parte humana foi terrível”. Até o fechamento desta edição, no sétimo dia de buscas, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros informaram oficialmente que o número de mortos era de 99,  192 pessoas resgatadas com vida  e o número de desaparecidos era de 259 pessoas. Técnicos e ambientalistas afirmam que 12,7 milhões de metros cúbicos de material vazaram com o rompimento da barragem. O desastre provocou a queda de 20% das ações da Vale, prejuízo acima de 70 bilhões de reais. Participam das buscas, 130 militares médicos, engenheiros, bombeiros e técnicos de Israel que vieram para ajudar no resgate. A justiça bloqueou R$ 11,8 bilhões da Vale, além de R$ 300 milhões em multas ambientais também foram aplicadas à mineradora.

As ações do Governador Romeu Zema e do presidente Jair Bolsonaro

Ao lado do Presidente Jair Bolsonaro, o governador Romeu Zema sobrevoou, na manhã  de sábado dia26/1),  a área atingida pelo rompimento da Barragem em Brumadinho.  Os dois fizeram um reconhecimento da área afetada e discutiram medidas em conjunto para minimizarem os danos da tragédia. Após sobrevoarem o local do acidente, o governador e o presidente se reuniram, no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, com os demais representantes da comitiva que o acompanharam, como ministros de Estado, secretários de Estado e chefes das Forças de Segurança Nacional e Estadual, e o presidente da Vale, responsável pela barragem. Romeu Zema destacou a ação do Estado, que vem realizando todo o trabalho necessário nas buscas por sobreviventes. “ Sobrevoamos o local, o governo federal se colocou totalmente à disposição naquilo que ele puder ajudar. Quero lembrar que,  tão logo o incidente foi anunciado agimos imediatamente. Conseguimos resgatar várias pessoas ilhadas, as buscas continuam. Sabemos que a chance de ter sobreviventes é pequena, mas ainda há. Estamos esperançosos e fazendo todo o trabalho necessário”, afirmou. O governador ainda ressaltou o empenho do Estado em tomar medidas para que os responsáveis sejam punidos. “Os envolvidos nessa tragédia serão punidos exemplarmente. Todas as medidas judiciais já foram acionadas, recursos bilionários foram bloqueados, de forma que a punição seja exemplar. Protocolos e legislação terão que ser revistos, essa barragem que rompeu estava inativa há anos e não recebia mais nenhum tipo de material. Não podemos ficar sujeitos a esse tipo de coisa novamente. Tanto os critérios federais como os estaduais, provavelmente, terão que ser revistos depois dessa tragédia”, ressaltou Romeu Zema.

Danos ambientais

O rompimento da barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, devastou 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de áreas de proteção permanente ao longo de cursos d’água. Os dados são preliminares e foram divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com o órgão, o cálculo foi feito pelo seu Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima) a partir de imagens de satélite. O cenário de dois dias após o rompimento foi comparado com os de 3 e 7 dias antes da ocorrência.  A análise foi realizada no trecho que vai da barragem até o encontro do rejeito com o Rio Paraopeba. A destruição total é de pelo menos 269,84 hectares.

Brumadinho é o maior desastre da década em barragens no mundo, alerta OIT

A tragédia de Brumadinho, é o pior desastre em uma barragem da década no mundo. Quem faz o alerta é a Organização Internacional do Trabalho (OIT) que,  emitiu um comunicado para apontar para a necessidade de reforço global nas medidas de segurança quando o assunto é mineração.

“Esse é o pior desastre em uma barragem na década”, declarou a entidade, que monitora os acidentes de trabalho registrados em todo o mundo. Sua avaliação leva em conta o número potencial de vítimas mortais no Brasil. Até esta segunda-feira, as autoridades confirmaram que 65 pessoas morreram na tragédia ocorrida na cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.

Em setembro de 2008, o rompimento de uma barragem em Shanxi, na China, fez pelo menos 254 mortos. Em 2015, 113 pessoas morreram em Mianmar, também depois do rompimento de uma barragem

ONU pede ‘investigação imediata’ de rompimento de barragem em Brumadinho

Em um duro comunicado ao governo brasileiro, relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) pedem uma “investigação imediata, completa e imparcial” em relação ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.  Os especialistas ainda alertam para os riscos da flexibilização proposta em leis ambientais e pedem que nenhuma nova barragem seja construída ou autorizada até que a segurança esteja garantida. “Dezenas de pessoas foram mortas e centenas ainda estão desaparecidas devido ao desastre envolvendo a mina de Córrego do Feijão de propriedade da mineradora Vale”, indicaram. A declaração é assinada por Baskut Tuncak, relator da ONU sobre as implicações para os direitos humanos do gerenciamento e disposição de substâncias tóxicas e rejeitos, por Léo Heller, relator para os direitos humanos à água potável segura e ao esgotamento sanitário, pelo grupo de trabalho sobre direitos humanos e corporações transnacionais e por David Boyd, relator da ONU para os direitos humanos e o meio ambiente.

Prisões

Na manhã da última  terça-feira, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, os Ministérios Públicos Estaduais de Minas Gerais e São Paulo e as Polícias Civil e Militar de Minas cumpriram cinco mandados de prisão e outros de busca e apreensão contra engenheiros e funcionários que atestaram a segurança da Barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais. A ação tem como objetivo apurar a responsabilidade criminal pelo rompimento da barragem do córrego do Feijão.  A Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias de responsáveis por atestar a segurança da barragem da Vale por suspeita de homicídio qualificado, crime ambiental e falsidade ideológica. Os engenheiros civis Makoto Namba e André Jum Yassuda, ambos da empresa alemã TÜV SUD, foram presos nos bairros de Moema e Vila Mariana, na zona sul da capital e levados para Belo Horizonte. Em Minas, três funcionários da Vale que não tiveram os nomes divulgdos também foram presos.

Justiça de MG proíbe barragens similares à de Brumadinho

A Justiça mineira proibiu o estado de Minas Gerais de conceder ou renovar licenças ambientais para novas barragens de contenção de rejeitos que utilizam o método de alteamento a montante, o mesmo utilizado pela barragem de Brumadinho, que rompeu na última sexta-feira (25). A decisão, tomada na última segunda-feira (28), mas tornada pública hoje (30), ocorre mais de dois anos após o pedido do Ministério Público Estadual de Minas Gerais (MPMG) feito em Ação Civil Pública em 2016. “Pode-se concluir que o padrão ambiental, com utilização da técnica de alteamento a montante, mostra-se ineficiente, estando a exigir, com urgência, a conciliação da atividade minerária com o meio ambiente e o capital humano, fauna e flora”, disse na decisão a juíza Renata Bomfim Pacheco. A magistrada ainda fixou em R$ 100 mil a multa pelo descumprimento da decisão, podendo ser ampliada, caso necessário.

Mineradoras bancaram 102 deputados eleitos por Minas Gerais em 2014

A edição do  Jornal O tempo de Belo Horizonte de ontem ( quinta-feira), dia 31 de janeiro de 2019,  trouxe uma reportagem detalhada sobre os deputados estaduais e federais de Minas Gerais, que receberam doações de mineradoras na campanha eleitoral de 2014.  Segundo levantamento do Tempo,  no âmbito estadual  as mineradoras investiram R$ 4,2 milhões de reais nas campanhas e ajudaram a eleger  56 dos 77 deputados para a Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Ou seja  em sete em cada dez  deputados estaduais vitoriosos foram financiados pelo setor.  Na Câmara Federal 46 dos 53 deputados mineiros que se elegeram receberam  R$ 6,3 milhões de forma direta e R$ 4,5 milhões indiretamente. Confira a lista:

Deputados eleitos em 2014 em Minas que declararam doações de mineradoras

(Em R$)

 
Leonardo Quintão (MDB) 306.400,00 1.680.308,31 1.986.708,31  
Luiz Fernando Faria (PP) 867.480,00 330.046,75 1.197.526,75  
Marcos Montes (PSD) 936.250,00 53.306,47 989.556,47  
Rodrigo de Castro (PSDB) 500.000,00 401.293,00 901.293,00  
Paulo Abi-Ackel (PSDB) 270.000,00 608.000,00 878.000,00  
Reginaldo Lopes (PT) 100.000,00 386.539,87 486.539,87  
Toninho Pinheiro (PP) 418.123,00 2.046,00 420.169,00  
Marcus Pestana (PSDB) 300.000,00 100.943,00 400.943,00  
Weliton Prado (Pros) 330.000,00 68.206,53 398.206,53  
Miguel Correa (PT) 230.000,00 138.000,00 368.000,00  
Gabriel Guimarães (PT) 252.400,00 100.094,97 352.494,97  
Adelmo Leão (PT) 100.000,00 202.156,53 302.156,53  
Júlio Delgado (PSB) 225.000,00 225.000,00  
Bilac Pinto (DEM) 161.860,00 4.018,00 165.878,00  
Eros Biodini (Pros) 100.000,00 55.882,00 155.882,00  
Jaiminho Martins (Pros) 150.000,00 781,47 150.781,47  
Carlos Melles (DEM) 73.875,00 51.300,00 125.175,00  
Patrus Ananias (PT) 100.000,00 12.156,53 112.156,53  
Odair Cunha (PT) 100.000,00 12.156,53 112.156,53  
Domingos Sávio (PSDB) 8.500,00 101.768,00 110.268,00  
Fábio Ramalho (MDB) 100.000,00 8.213,47 108.213,47  
Aelton Freitas (PR) 100.000,00 693,00 100.693,00  
Jô Moraes (PCdoB) 100.600,00 100.600,00  
Mario Heringer (PDT) 100.000,00 100.000,00  
Caio Narcio (PSDB) 100.000,00 100.000,00  
Bonifácio de Andrada (DEM) 100.000,00 100.000,00  
Marcelo Aro (PHS) 70.000,00 70.000,00  
Luis Tibé (Avante) 67.817,52 67.817,52  
Newton Cardoso Jr. (MDB) 50.000,00 50.000,00  
Odelmo Leão (PP) 50.000,00 50.000,00  
Margarida Salomão (PT) 30.000,00 12.156,53 42.156,53  
Eduardo Barbosa (PSDB) 35.000,00 35.000,00  
Leonardo Monteiro (PT) 6.250,00 17.156,53 23.406,53  
Laudivio Carvalho (Podemos) 12.156,53 12.156,53  
George Hilton (PSC) 11.772,15 11.772,15  
Raquel Muniz (PSD) 10.000,00 10.000,00  
Rodrigo Pacheco (DEM) 6.881,20 6.881,20  
Subtenente Gonzaga (PDT) 1.716,00 1.716,00  
Saraiva Felipe (MDB) 1.305,40 1.305,40  
Misael Varella (PSD) 954,75 954,75  
Dimas Fabiano (PP) 918,00 918,00  
Renzo Braz (PP) 918,00 918,00  
Diego Andrade (PSD) 781,47 781,47  
Marcelo Álvaro Antônio (PSL) 750,00 750,00  
Zé Silva (SD) 750,00 750,00  
Brunny (PR) 464,75 464,75  
DEPUTADOS FEDERAIS Direta Indireta Total

Total de doações diretas de mineradoras

R$ 2.341.461,00

Total de doações indiretas de mineradoras

R$ 1.843.736,80

Total de doações de mineradoras

R$ 4.185.197,80

Total de doações indiretas de mineradoras

R$ 1.843.736,80

Total de doações de mineradoras

R$ 4.185.197,80

Total de doações diretas de mineradoras

R$ 6.281.738,00

Total de doações indiretas de mineradoras

R$ 4.554.409,26

Total de doações de mineradoras

R$ 10.836.147,26

Militares israelenses e equipes de resgate brasileiras durante buscas por vítimas em Brumadinho, onde uma barragem da mineradora Vale se rompeu.

Por Editor1

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