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O pequeno burguês

 

O cantor e compositor Martinho da Vila

 

Corria o ano de 1969 quando as rádios de todo o Brasil começaram a tocar um samba diferente, de um cantor com voz diferente, e uma letra que contava uma história simples que falava de uma faculdade. Era o início da carreira de Martinho da Vila, hoje com 84 anos, e a música marcante era ‘O pequeno burguês’.

Outros grandes sucessos do autor foram Disritmia, Mulheres, Canta canta, minha gente, Madalena do Jucu, Casa de bamba, Aquarela brasileira, Segure tudo, Batuque na cozinha, Feitiço da Vila, Quem é do mar não enjoa e Pra que dinheiro.

Embora internacionalmente conhecido como sambista, com várias composições gravadas no exterior, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB e compositor eclético, tendo trabalhado com aspectos da cultura brasileira e criado músicas dos mais variados ritmos brasileiros, tais como cirandafrevosamba de rodacapoeirabossa novacalangosamba-enredo, toada e sambas africanos.

A música ‘O pequeno burguês’ conta a história de uma pessoa pobre que passa no vestibular e tem enorme dificuldade para se manter e se formar. Traduz o retrato fiel de milhões de brasileiros que cada vez mais têm dificuldade nos estudos e até mesmo para se alimentar. Portanto, a música continua atual como nunca!

Veja abaixo os versos dessa simples história.

“Felicidade, passei no vestibular
Mas a faculdade é particular
Particular, ela é particular
Particular, ela é particular

Livros tão caros, tanta taxa pra pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar

O meu dinheiro, alguém teve que emprestar
O meu dinheiro, alguém teve que emprestar

Morei no subúrbio, andei de trem atrasado
Do trabalho ia pra aula, sem jantar e bem cansado
Mas lá em casa à meia-noite tinha
Sempre a me esperar
Um punhado de problemas e criança pra criar

Para criar, só criança pra criar
Para criar, só criança pra criar

Mas felizmente eu consegui me formar
Mas da minha formatura, não cheguei participar
Faltou dinheiro pra beca e também pro meu anel
Nenhum diretor careca entregou o meu papel

O meu papel, meu canudo de papel
O meu papel, meu canudo de papel

E depois de tantos anos
Só decepções, desenganos
Dizem que sou um burguês
Muito privilegiado

Mas burgueses são vocês
Eu não passo de um pobre-coitado
E quem quiser ser como eu
Vai ter é que penar um bocado

Um bom bocado, vai penar um bom bocado
Um bom bocado, vai penar um bom bocado
Um bom bocado, vai penar um bom bocado.”

Por ego

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