Bolero de Ravel

Apresentação de Bolero na Estação Central de Copenhagen

Hoje a nossa história musical não tem letra no final, mas a melodia é maravilhosa. Trata-se da belíssima ‘Bolero de Ravel’, em uma apresentação da Orquestra Sinfônica de Copenhagen, na estação central de Copenhagen, na Dinamarca, que ocorreu em maio de 2011, mas que até hoje é uma das mais belas apresentações desta clássica composição de Ravel.

A apresentação é regida pelo maestro Jesper Nordin e conta com inúmeros músicos talentosos. Não poderiam ter escolhido uma música melhor para a forma de apresentação, o que eles chamam de ‘flash mob’, ou seja, mobilização relâmpago. E eu explico o porquê da escolha acertada.

Conta a lenda que a música, que tem um ritmo invariável, com uma melodia uniforme e repetitiva, foi composta em uma espécie de aposta de Ravel com outros músicos da sua época. Um deles disse que a música não pode ser repetitiva, pois cansaria o público. Ravel discordou e disse que faria uma música repetitiva que fosse atrativa até o final. Desta forma, parece que Bolero foi composto exatamente para ser apresentado em uma mobilização relâmpago, ou seja, começa com apenas dois músicos e termina com uma imensa orquestra que magistralmente interpreta a composição.

Mas parece que esta história é apenas mais uma lenda, como tantas outras que ouvimos por aí.

Parece que a verdade é que a música foi composta atendendo um pedido da dançarina Ida Rubinstein, que encomendou a Ravel a criação de um balé a caráter espanhol. Ravel pensou poder arranjar alguns extratos de Iberia, um conjunto de peças para piano de Isaac Albéniz, mas ele não pôde obter os direitos de fazer como desejava, pois Albéniz havia dado os direitos de arranjo a seu pupilo Ferdinand Enrique Arbos.

Assim, Bolero foi composto entre julho e outubro de 1928 e a estreia deu-se em Paris, na Ópera Garnier, em 22 de Novembro de 1928, sob direção de Walther Straram, com coreografia de Bronislava Nijinska e cenários de Alexandre Benois. Uma das dançarinas foi Ida Rubinstein, e a peça causou escândalo à época devido à sensualidade da coreografia.

Quanto à composição, Bolero é uma obra musical de um único movimento escrita para orquestra, sendo considerada a obra mais famosa de Ravel. A música possui um ritmo invariável, com longa duração, aproximadamente 15 minutos.  É realmente uma melodia uniforme e repetitiva. Desse modo, a única sensação de mudança é dada pelos efeitos de orquestração e dinâmica, com um crescendo progressivo e uma curta modulação.

A forma é uma obra singular, que Ravel considerava como um simples estudo de orquestração. A sua imensa popularidade tende a secundarizar a amplitude da sua originalidade e os verdadeiros objetivos do seu autor, que passavam por um exercício de composição privilegiando a dinâmica em que se pretendia uma redefinição e reinvenção dos movimentos de dança. O próprio Ravel ficou surpreendido com a divulgação e popularidade da obra, muito devido às variações que numerosos maestros, incluindo Willem Mengelberg e Arturo Toscanini, introduziram nas suas interpretações.

Se você gosta desta obra e se interessou pela apresentação, acesso o endereço https://www.youtube.com/watch?v=mrEk06XXaAw e assista a esta magistral apresentação musical que encantou a todos que estavam presentes na estação central de Copenhagen naquele momento.