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Pesquisador, Professor e Divulgador: as faces da história

 

 

A grande maioria das pessoas já entrou em contato com o trabalho de historiadores ainda que de forma indireta.

Por exemplo, quando assistimos um documentário sobre a Segunda Guerra Mundial o conteúdo ali disponibilizado tem na sua origem as pesquisas de diversos historiadores.  Quando você se lembra das aulas de história na Educação Básica os temas que eram lá debatidos foram informados por pesquisas históricas anteriores. Os professores não pesquisaram pessoalmente todos os assuntos que abordam nas suas aulas com seus estudantes.

Então, no caso da história, do estudo do passado humano, temos os historiadores que são aqueles profissionais que vão procurar conhecer o que aconteceu no passado humano de forma criteriosa, metodológica e atentos as demais pesquisas pré-existentes para depois produzirem uma narrativa que comunique seus resultados a outros historiadores e demais interessados, que podem ser desde professores e autores de livros didáticos, até jornalistas, cineastas, público geral e outros profissionais interessados em conhecer ou divulgar a história para o grande público.

Portanto, essas são as três faces da história: o pesquisador, o professor e o divulgador. É relativamente raro encontrar profissionais que atuem nestas três áreas, dado que cada uma delas possui suas características, particularidades e procedimentos próprios. Embora todos eles sejam operadores da história, o fazem de maneiras diferentes.

Portanto, pesquisar a história humana, ensinar a história aos estudantes e divulgá-la para o público geral são formas do fazer histórico, ou afazeres históricos.

Embora a história da própria disciplina de história, a dita história da história, seja antiga e remonte a época egípcia, nos últimos dois séculos ela transformou-se numa área acadêmica-universitária e os atuais historiadores são profissionais formados nas universidades e faculdades. Isso alterou a forma como a pesquisa histórica é realizada, pois, desde a hegemonia do modelo universitário a necessidade de validação acadêmica e científica das pesquisas sobre o passado humano criou regras específicas que os historiadores atuais precisam observar: regras de qualidade, verificabilidade, coerência, metodologias, pertinência entre outras.

Assim, na atualidade a academia além de formar novos historiadores também assumiu as tarefas da pesquisa histórica, além do estudo e avaliação das questões envolvidas no Ensino de História e na Divulgação Histórica.

E qual dessas faces da história é a mais importante? Acredito que todas são importantes, embora, muitos historiadores pensem de maneira diferente. Em função da importância do modelo universitário muitos tendem a acreditar que a academia tem predomínio sobre as demais formas do fazer histórico. Esse ponto é muito polêmico e controverso.

Obviamente a academia é importantíssima e a pesquisa sobre o passado humano precisa pautar-se por boas práticas de pesquisa científica, assim como ocorre com as demais áreas das Humanidades.

Contudo, é preciso entender que o Ensino de História, por exemplo, possui sua dinâmica própria, notadamente, na Educação Básica e não é mera continuidade do que ocorre nas universidades. O Ensino Superior ofertado nas faculdades e universidades tem o objetivo de formar historiadores e professores de história. A Educação Básica tem como finalidade a formação para a vida social, econômica, política e cultural. A primeira forma os profissionais, a segunda, cidadãos. Existem diversos autores que já realizaram extensas pesquisas mostrando as diferenças entre o que ocorre nas Escolas e na Academia. Entre eles podemos citar: André Chervel, Jean-Claude Forquin, Ivor Goodson e Circe Bittencourt.

O mesmo pode ser dito sobre a Divulgação da História que noutros momentos foi também chamada de “vulgarização histórica”, ou até “popularização histórica” ou ainda, “História Pública”.  O professor se dirige aos seus estudantes, um público relativamente pequeno que encontra com certa regularidade. O divulgador fala para um público amplo, muito heterogêneo, do qual grande parte ele não conhece pessoalmente.

Por fim, resta dizer que mesmo que cada um desses afazeres históricos sejam diferentes eles possuem reciprocidade. Novas pesquisas podem impactar no ensino e na divulgação, assim como, a receptividade do público a determinados temas ou períodos históricos possam motivar a realização de novas pesquisas.

Seja quando assistimos um filme histórico, ou quando assistimos uma aula de história ou ainda quando ouvimos falar de novos achados sobre o passado humano, a tarefa dos operadores da história está em ação.

Tarefas importantes sobre as quais todos precisamos refletir, até para espantar aqueles que querem distorcer o passado para satisfazer seus interesses pessoais e com isso impedir o direito de todas as pessoas de terem acesso a História Humana que é uma de nossas maiores riquezas e uma de nossas principais realizações.

 

 

Prof. Luciano Marcos Curi – Pós-Doutor em História Social – IFTM – Câmpus Uberaba – Contato: lucianocuri@iftm.edu.br

Por ego

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