FILOSOFIA
A ESCADA DO CONHECIMENTO
A humanidade convivia harmonicamente num grande salão. Poderíamos imaginá-lo como aqueles imensos e suntuosos salões de bailes de palácios da renascença; gigantescos lustres de cristal descendo da opulência daqueles pés direitos com mais de seis metros, iluminando e brilhando; enormes janelas em cristal bisotado em suas extremidades, cortinas longas até o chão. O piso do mais luxuoso mármore encontrado que poderia refletir, praticamente, a alma de quem por cima estivesse. O burburinho de uma sociedade era o som ambiente; todos juntos, independentes de alegres ou tristes, animados ou não, realistas ou sonhadores, a pura essência da sociedade toda reunida.
Num determinado momento, alguém se aproxima de você e lhe diz.
– Vejo que está um pouco perdido neste ambiente, olhe aquela porta no fundo do salão, lá se encontra a escada para o conhecimento, ela fica permanentemente aberta a qualquer um e, se tiver interesse atravesse-a e descubra o desconhecido.
Sendo alguém que busca algo mais, se interessa pelo que pode haver atrás daquela porta, você para lá se encaminha, observando todas aquelas pessoas que continuam o ritual normal sem se preocupar com o que poderia estar além daquela passagem.
Ao atravessar o portal logo se vê uma escada de um degrau; e pergunta-se, o que teria acima deste de tão interessante? Dá mais uma olhada para tras e o ambiente deixado continua o mesmo, decide então subir e ver o que de tão surpreendente pode existir nesse tal de conhecimento.
Ao subir esse degrau depara-se com algo maravilhoso e interessante, percebe que existe alguma coisa além da mesmice, que ser igual e comum é para aqueles que, como você, viviam no grande salão, olha para lá e percebe que já está acima daquela grande massa, não em importância, mas no saber de algo mais.
Sua curiosidade o faz olhar novamente a escada, percebe agora que a escada não tinha apenas um degrau, mas, sim mais dois e resolve subir esses dois de imediato. Seu deslumbramento ao novo o surpreende, tudo é muito mais claro e definido. Olha do alto desses 3 degraus para o salão e se espanta com todos que lá embaixo permanecem exatamente iguais a quando você estava lá e se pergunta, como ninguém vem atrás?
A ânsia pelo saber começa a fazer parte de você, assim, resolve olhar novamente para a escada e percebe, com surpresa, que a escada agora não tem apenas 3 degraus e sim 6 degraus; que o chamam e o atraem. A subida passa a ser uma obrigação , as descobertas são impressionantes, tudo parece ter um sentido diferente, o salão, anteriormente seu ambiente, já não lhe faz nenhum sentido, olha para ele e vê todos embaixo seguindo o mesmo modo de vida.
Seu questionamento sobre tudo é ampliado, retorna a olhar a escada e se espanta ao ver que essa, neste momento, tem mais 12 degraus a serem subidos, trazendo-lhe um novo pensamento; como não tinha visto o tamanho dessa escada ainda?
A subida vai lhe trazendo satisfação e o embriagando com essa nova sensação do saber, nesse momento, começa a perceber um sentimento de angústia, passa a entender que, a cada degrau que se sobe, mais dois degraus surgem; a altura passa a ser um fator de apreensão. O saber começa a ficar claro, não tem limites, a busca se torna uma atividade eterna, não há um fim aparente, a subida é uma constante.
Você que estava, até há pouco tempo atrás, lá embaixo, começa a se surpreender com seus novos hábitos. Conflitos interiores que pareciam insuperáveis passam a ser facilmente superáveis; a angústia da busca caminha juntamente com as conquistas gratificantes das descobertas. As sensações de incerteza se tornam uma constante. Nesse momento, podem se tornar uma carga pesada ou, simplesmente, mais um obstáculo, forçando a decidir se, nesse degrau, seria seu ponto final e determinando aí a existência de Deus ou se continuaria na subida eterna.
A grande descoberta é perceber que a escada é infinita e o importante da sua busca pessoal é saber até onde quer chegar.
Seus limites pertencem a você.
Luiz Mercadante
Empresário – Uberlândia
mercadante@megaobra.com.br
