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Coluna do Gui Pop

18//07/2022- 11:08

PorEditor1

jul 18, 2022

As guitarras pararam no tempo?

A famosa fabricante de guitarras Gibson, após sucessivas parcerias fracassadas  e quedas de vendas, decretou falência em 2018.

A fabricante Fender, concorrente direta, também não sabe o que é ter lucro com guitarras há anos.

Porque a guitarra perdeu presença e popularidade no cenário musical atual?

– Por conta dos dedos delicados dessa nova geração,  justificou um dos diretores da Gibson ….

Bem, o real motivo passa bem longe dessa justificativa.

Para entendermos os fatos que explicam o declínio da presença e da popularidade da guitarra no Brasil, voltemos ao passado da música comercial brasileira e suas influências.

 

A partir do final dos anos 60, os Top Hits, estilos musicais de sucesso no Brasil, eram:

Jovem Guarda, Mpb, Rock, Samba Rock, Pop, Disco Music, Brega e Romântica.

As bandas que tocavam tais estilos, tinham um ou mais guitarristas que solavam e empolgavam os fãs nos shows.

O instrumento guitarra era um item de consumo valorizado e desejado por muitos.

Ter uma guitarra representava modernidade e era um sonho para os amantes da música nacional.

Nos anos 80, o Brasil com carência de escolas de música e com a extinção da obrigatoriedade do ensino musical nas escolas públicas, teve um enorme afastamento de milhões de crianças e adolescentes do aprendizado de música.  Neste mesmo período, chegaram ao Brasil os primeiros instrumentos cuja tecnologia digital inovadora, redefiniu um instrumento em particular: o piano, que passou a ter a função de sintetizador.

Um sintetizador simulava ou copiava o som de dezenas de instrumentos, que podiam ser tocados ou servir de acompanhamento, dessa forma ofereceu vantagem  econômica e competitiva para os seus compradores, principalmente por baratear e simplificar os trabalhos de produção, composição, gravação e apresentação, criando oportunidades em casas de shows e levando uma sonoridade nova ao coração da preferência popular. Nasciam assim as bandas de um tecladista e um cantor, que simulavam até orquestras nos shows.

O sintetizador passa a ser o instrumento que representa a modernidade musical.

Já no inicio dos anos 2000, com música na internet, Mp3, lojas de musica virtual, softwares e aplicativos de gravação com toneladas de ritmos e vozes pré prontas, qualquer pessoa podia compor e lançar rapidamente suas músicas nas redes sociais em poucos clicks.

A partir de 2008 as oscilações do dólar e do euro, as crises inflacionárias e as altas taxas de importação, tornam proibitiva a compra de instrumentos uma vez que não são itens urgentes de consumo. A irresistível opção de compor e lançar música por tablet ou por aplicativo de celular passa a superar o desejo de comprar um instrumento por ser interativo, moderno, ”da hora’’ … e a custo zero.

E claro, as novas gerações adoraram.

Em meio a consecutivas inovações tecnológicas e eletrônicas, o produto guitarra ficou parado no tempo por quase seis décadas e sem inovações relevantes, de madeira pesada e sem conectividade com o mundo digital.

Seus fabricantes ignoraram as mudanças necessárias para acompanhar  a evolução das tecnologias de interação e produção musical e a guitarra tornou-se menos atrativa aos olhos das novas gerações.

A antes e popular guitarra que era a sonoridade da modernidade, hoje é instrumento de nicho de mercado, seus ídolos e o interesse pelo instrumento também .

Mas houve tentativas: em 2007, o lançamento da Guitarra Behringer com saída USB; em 2015, o lançamento da inovadora Guitarra Fusion, a primeira criação integrada a smartphone; e recentemente em 2019, o inovador Violão Lava, instrumento computadorizado.

Mesmo assim, ainda haverá um longo caminho para modernizar a guitarra a ponto de despertar a conexão e o entusiasmo merecidos e elevá-lo novamente

à instrumento de referência e modernidade musical.

 

Gui Pop é formado em marketing e música, consultor sobre  empreendedorismo e música.

@gui.pop

 

 

 

Por Editor1

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