O maior anseio da Associação de Desenvolvimento e Intercâmbio Cultural Indígena da Região de Araxá é implantar um espaço para mostrar a cultura de seu povo.
No último censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi constatado que quase um milhão de pessoas se declararam índios, cerca de 0,4% da população brasileira. Eles estão distribuídos entre 688 terras indígenas e algumas áreas urbanas. Em Araxá, existe uma associação que busca sempre fazer um trabalho de valorização e de resgate da cultura indígena. O nome da entidade é Andaia, que significa Associação de Desenvolvimento e Intercâmbio Cultural Indígena.
Reconhecida como entidade de utilidade pública municipal em 2011 e a nível estadual no dia 3 de agosto de 2012, em ofício já publicado no Diário Oficial da União, ela conta atualmente com 286 associados e é presidida por Édson Adolfo da Silva, seu nome em português e Karkará-urú, indígena.
O presidente da Andaia explicou que a associação, desde a sua criação, tem como objetivo divulgar a cultura indígena para todos. “Nós estamos fazendo trabalhos, participando de várias conferências, convenções, encontros com outras comunidades indígenas, com o governo, tudo visando ao trabalho de recuperação da memória indígena da região de Araxá”, afirmou Édson.
Édson comentou que a associação participa frequentemente de eventos que valorizem a cultura indígena. “No Dia do Índio, fizemos divulgação nas rádios, nas escolas e estivemos em atividades, participamos da Rio +20, representando oficialmente os povos indígenas de Minas Gerais, com personalidades nacionais e internacionais fazendo um trabalho de integração indígena de todo o mundo. Em Araxá, nós sempre tentamos participar de tudo para que a população se sensibilize a conhecer suas origens, e nossa luta atual é para que haja um espaço indígena e que as peças arqueológicas que são encontradas tenham um lugar especial”, colocou o cacique.
Segundo Édson, o trabalho desempenhado pela associação é muito difícil, pois, às vezes, o custeio das viagens a conferências e oficinas fora de Araxá é do próprio bolso. “Tudo que nós fazemos é tirado do nosso bolso para mostrar a cultura indígena de toda essa região. Estamos tentando, há muito tempo, avaliar recursos para manter a associação. Enquanto não vem esse recurso, nós não paramos. Às vezes, ganhamos hospedagem e passagens, mas as nossas despesas são todas custeadas por nós”, acrescentou.
A associação reúne descendentes do antigo povo Katu-auá, conhecido como índios Arachás, que habitavam a região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, de 1400 a 1800, como consta em dados científicos levantados por antropólogos. “A cultura é parte da nossa associação, que veio de geração em geração, genuinamente indígena. Eu sou uma das pessoas de famílias mais antigas de Araxá. Sou descendente do antigo Antônio Francisco de Oliveira, que era chamado de Antônio Grande, o mais antigo morador do bairro alto, hoje chamado Santo Antônio. Ele era dos índios Arachás. Dos poucos que sobraram dos massacres, Antônio Grande, que sobrou, era pai de José Natalino, meu avô, pai de Francisco Natalino, meu pai. Eu já sou a quinta geração de uma linha direta de índios”, comentou o presidente da Andaia.
Apesar da divulgação da cultura indígena e a participação nas conferências, o maior desejo da associação é ter um espaço para mostrar toda a história referente a esse povo. “Eu tive a felicidade de conhecer a história da minha origem. A população de Araxá não pode ficar sem conhecer a nossa história, que é de luta e conquistas. Na convenção da ONU, é lei que os povos indígenas tenham suas manifestações culturais, língua, preservados, assim como os negros hoje têm. Não importa quem seja o prefeito, mas estaremos buscando um apoio para conseguir essa nossa meta, um espaço de preservação e de resgate da cultura indígena de Araxá”, finalizou Édson.
Para conhecer mais sobre a associação, é só você se dirigir à Rua Jason Armando de Paula, 226, bairro Bom Jesus, entrar em contato pelo número 3662-1528 ou enviar um e-mail para andaiaaraxa@gmail.com.
