Sangue Latino
O grupo Secos & Molhados
Uma banda diferente, com músicas diferentes, um visual muito diferente e um som mais diferente ainda, principalmente nos vocais. Não há outra palavra para definir como nós, jovens da década de 1970, recebemos o primeiro disco da banda Secos & Molhados. Eram anos de novidades, mas penso que ninguém esperava algo tão surpreendente no Brasil.
Secos & Molhados foi uma banda brasileira da década de 1970 cuja formação clássica consistia de João Ricardo (vocais, violão e harmônica), Ney Matogrosso (vocais) e Gérson Conrad (vocais e violão).
Os principais sucessos da banda foram Rosa de Hiroshima, Flores Astrais, O Vira, Assim assado, Prece Cósmica, O Patrão nosso de cada dia e Que fim levaram todas as flores?
Lançada no álbum de estreia da banda Secos & Molhados em 1973, Sangue Latino é a faixa que abre o disco e foi o primeiro grande sucesso do grupo. A música fala sobre o caminho dos povos latinos americanos que, mesmo sofrendo com sistemas políticos opressivos, não desiste de lutar por sua liberdade, vindo ao encontro do momento histórico dos anos 1970, a resistência contra os regimes.
Sua letra alude à condição latino-americana, os descaminhos dos povos desse continente, bem como a sua capacidade de resistir e é vista como uma intenção do grupo de conciliar o engajamento estético da década de 1960 com o clichê dos hits internacionais.
Muitos anos mais tarde, Ney Matogrosso disse em uma entrevista que os Secos & Molhados foram convidados por um produtor internacional para serem lançados fora do Brasil, mas que não aceitaram. Mais tarde, coincidentemente, este mesmo produtor lançou a banda Kiss, com rostos mascarados tais como os Secos & Molhados.
João Ricardo é um cantor e compositor nascido em Portugal e radicado no Brasil.
Abaixo os versos da incrível Sangue Latino:
“Jurei mentiras
E sigo sozinho
Assumo os pecados
Os ventos do norte
Não movem moinhos
E o que me resta
É só um gemido
Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minh’alma cativa
Rompi tratados
Traí os ritos
Quebrei a lança
Lancei no espaço
Um grito, um desabafo
E o que me importa
É não estar vencido
Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minh’alma cativa.”