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Construção

Chico Buarque, cantor e compositor

 

Já nomeei neste espaço a música ‘Construção’, de Chico Buarque, como uma das dez mais entre as músicas nacionais das quais mais gosto.

Mas hoje vamos falar exatamente da letra dessa música, simplesmente um clássico do cancioneiro brasileiro. Que Chico Buarque é um grande compositor todo mundo sabe. A música ‘Construção’ é da época do governo militar, quando inúmeras músicas eram censuradas por conta da letra. Essa é uma letra extremamente forte, como foram tantas outras daquele período.

‘Construção’ dá nome a um disco do cantor, lançado em 1971, quando Chico voltava de seu exílio na Itália. A música é inteiramente rimada em versos que terminam com palavras proparoxítonas, tais como trânsito, único, máquina, príncipe, última, trágico, mágico, bêbado etc.

Se não bastasse, na segunda parte da música Chico altera a colocação destas palavras, formando novas frases, mas com sentido em todas elas.

Esse é apenas um dos grandes sucessos desse incrível compositor e escritor, que tem entre suas composições ‘A Banda’, ‘Gente Humilde’, ‘Atrás da Porta’, ’Apesar de você’, ‘Carolina’, ‘Umas e outras’, ‘Cálice’, ‘O que será’, ‘Meu caro amigo’, ‘Quem te viu, quem te vê’, ‘Roda Viva’, ‘Cotidiano’, “Valsinha’, ‘Deus lhe pague”, ‘O meu amor’, ‘Olhos nos Olhos, ‘Mulheres de Atenas’, ‘A Rita’, ‘Homenagem ao Malandro’ e inúmeros outros.

Veja abaixo a letra dessa linda música de Chico Buarque.

“Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado.”

 

 

 

Por Editor1

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