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Boca e coração

 

Uma coisa é a aparência, as palavras vazias, as fake News, a habilidade teatral, as retóricas superficiais. Outra, é o bem que brota do coração humano. Dizem que a boca fala daquilo que sai do coração. Mas o coração só consegue encher-se de sabedoria com o testemunho de autenticidade e transparência na convivência. Ater-se só a critérios humanos é impossível sentir uma verdadeira alegria.

Palavras pronunciadas somente da razão, sem a afinidade e anuência do coração, não conseguem atingir a força positiva que elas têm na comunicação. É importante entender que o coração precisa estar munido de boas atitudes, para que a boca pronuncie palavras que elevam a dignidade e o bem das pessoas. Que sejam escutadas com o poder que elas têm de mudar as realidades da cultura.

A boca e o coração são muito influenciados pelo domínio da política, da economia, e pela imposição religiosa e cultural. São forças psicológicas, que colocam em risco a identidade da pessoa, como também os valores morais e éticos, que norteiam sua vida. Do coração só podem brotar palavras de sinceridade e sabedoria, que influenciam no proceder dos atos normais do cotidiano.

Palavras proferidas pela boca nem sempre convencem, mais ainda quando não partem do bem que vem do coração humano. É de extrema importância, nestas circunstâncias, o apoio nos princípios de sabedoria e norteadores, que vêm dos concisos ensinamentos da Escritura Sagrada. Não é saudável ficar apoiados nas aparências, nos disfarces teatrais, que não valorizam os ensinamentos divinos.

No coração das pessoas, de onde deveria surgir o empenho pelo total respeito à vida, podem estar reinando as atitudes de egoísmo, de escravidão, violência, ódio etc. As palavras proferidas dentro desse contexto conseguem desestruturar a vida do outro. Não havendo um processo sério de mudança interior, de conversão, tudo não passa de obras que ocasionam a morte.

Muitas pessoas deixam de contribuir com o bem comum, porque são muito intransigentes e intolerantes no uso das palavras. Às vezes olham os defeitos do outro e não conseguem enxergar os seus. São julgamentos proferidos pela boca, pelas palavras, mas originárias do coração. São práticas que não produzem bons frutos. Quem segue os ensinamentos de Deus é coerente no falar e no agir.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.

 

Por Editor1

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