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Triatleta  araxaense  Catarina  Almeida  Porfírio  cumpriu  o  tempo  necessário  e  conquistou  o  certificado  final  de  Ironman  concedido  somente  aos  atletas  que  conseguem  cumprir  a  prova  dentro  das  17  horas  estipuladas.

Catarina é uma IRONMAN em Florianópolis página 16O IRONMAN Florianópolis 2016 aconteceu no dia 29 de maio, na capital catarinense, reunindo mais de 2.000 atletas de 36 países. O evento também foi válido pelo Campeonato Sul-americano.

Quando se fala em competição, a expectativa principal é saber em que colocação irá chegar. Todos os treinamentos são focados em busca de um melhor resultado na competição. Em se falando de um Ironman, as estratégias e os objetivos são muito diversificados, em grande parte, buscando prioritariamente uma superação pessoal, a competição, ultrapassagem e resultados… Atinge basicamente a elite profissional. Para competidores das demais categorias, tornar-se um Ironman é conquistar a vitória e uma nova forma de ver o mundo, os obstáculos e as conquistas. Superar os 3,8 km de natação, 180,2 km de ciclismo e 42,2 km de corrida, necessita de muita vontade, coragem, determinação, além, é claro, de muita superação. Em Floripa, a prova se desenrolou com uma temperatura baixa, com uma garoa fina que se estendeu praticamente durante toda a prova.

Depois de vários meses de preparação intensiva acompanhada de seus treinadores, a triatleta Catarina encarou o desafio superando frio, chuva, infecção urinária, cansaço e completou a prova em 16:12’58’’.

Catarina conta para nós um pouco da emoção que passou durante as mais de 16 horas de prova: “No dia da prova, acordei às 3h30 da manhã, tomei um café farto, montei meus sanduíches para complementar minha alimentação da prova e, com calma, fui para o local do evento. Ao meu lado, centenas de atletas acompanhados de seus familiares faziam o mesmo. Uma caminhada silenciosa e significativa… No local da largada, conferi, na tenda, todas as sacolas das transições e fui para a praia aguardar minha largada. A largada foi em ondas. Às 6h45, a categoria masculina caiu na água, e às 7h30, a categoria feminina. A IMG-20160607-WA0028 (2)cada momento, a emoção vai tomando um sentido novo.  Faltando 20 minutos para minha largada, entrei para a área dos atletas e me despedi da minha irmã Taciana, que foi para Florianópolis comigo, me apoiar. A expectativa da largada foi potencializando a emoção e, quando vi a última bateria largar, chorei muito de emoção como nunca havia feito em prova nenhuma! Naquele momento, um filme passou na minha cabeça. Foi muito difícil controlar a emoção! Respirei fundo, enxuguei as lágrimas, coloquei os óculos, rezei e, ao soar a buzina, corri para o mar, deixando, para trás, todos os pensamentos!”
Natação: Fiz uma natação conservadora, usando basicamente os braços. Estava me sentindo bem, porém não conseguia enxergar direito as boias por causa da chuva. As atletas estavam todas espalhadas, não dava para ir na esteira de ninguém, muito menos saber quem estava navegando no rumo certo. Quando comecei a ultrapassar alguns homens de touca de cores diversas que haviam largado 5, 10, 15 minutos antes de mim, constatei que estava indo muito bem! Fechei a natação com pace de 1:51’[ por cada cem metros, um]. Um tempo excelente que me rendeu a 12ª colocação na categoria! Porém registrou 4.250m , ou seja, um aumento de 450 metros no percurso em razão da corrente marítima, característica da região, da qual só escapa quem tem intimidade com o local.
IMG-20160607-WA0020Bike: os primeiros 90 km foram debaixo de muita chuva, piso escorregadio, impossibilitava imprimir maiores velocidades nas descidas. Os outros 90 km foram sem chuva, mas com um vento contra forte, fazendo companhia do km 130 ao 170, os piores do percurso, nos quais tinha impressão de estar girando sem sair do lugar. Mesmo com tanta adversidade, fechei os 180,2 km de bike com média de 24 km/h, o que considerei satisfatório.

Corrida: Comecei a corrida aliviada de ter entrado para a última etapa da prova, mas certa de que ali começava o pior pedaço de todos!
Já nos primeiros 4 km, senti uma necessidade forte e atípica de urinar que se repetia a cada 30 minutos. Posso dizer que conheci todos os banheiros químicos da maratona, o que me fazia perder tempo, paciência e energia. Mas ainda assim, curti a primeira volta de 21 km,  por causa das subidas íngremes do percurso,nas quais eu andava como a maioria dos atletas, o que  me descansava e distraía. A terceira volta de 10,5 km ainda também foi legal, porque passava várias vezes pela torcida. Nela encontrei vários amigos que me fizeram companhia em trechos diversos.  Contudo, na última volta dos 10,5 km, o humor IMG-20160607-WA0024começou a mudar, já havia percorrido 216 km, já havia acumulado mais de 14 horas de prova, no frio, com o corpo molhado o tempo todo! Ao avistar minha irmã, pedi que ela me fizesse companhia.  Ao me ver, minha treinadora pegou o carro e me acompanhou até o km 35, me incentivando a trotar, não permitindo que eu andasse! No km 35, esgotei toda energia que tinha. Minha cabeça já não conseguia tirar o foco do cansaço! O humor acabou. As dores começaram a falar mais alto. As bolhas nos pés, uma infecção no olho esquerdo, um incômodo no dedinho e as idas contínuas ao banheiro fizeram dos 5 km os mais longos da minha vida! Porém olhava no relógio e sabia que eu tinha tempo de sobra para atender o difícil critério técnico da prova e realizar meu sonho. Nada me impediria! Não cheguei até o km 221 para desistir! Mancando, segui calada e determinada na direção do tão sonhado tapete azul!
Quando comecei a avistar o pórtico, arranquei energia para voltar a correr atrás de um sonho pelo qual havia lutado demais. Ao ouvir o locutor gritar bem alto e repetidamente “PARABÉNS, CATARINA, VOCÊ É UMA IRONMAN!”, senti uma das maiores emoções da minha vida!
Desde então, sinto-me, de fato, uma pessoa fortalecida, física e mentalmente,  ciente da minha capacidade, que me  enche de alegria e felicidade e me sustenta contra os obstáculos que a vida insiste em nos colocar.IMG-20160607-WA0025

Completar essa prova foi a forma que a vida achou de esfregar na minha cara o quanto consigo ser forte. Hoje faço parte do seleto grupo dos HONENS DE FERRO, tenho um superorgulho disso. Isso me fez tão bem, mas tão bem, que não vou parar por aí…
Com a experiência, aprendi que um IRONMAN não é o dobro de um meio IRON. Fiz sete provas com distância de meio Iron e nunca senti nada, exceto dores musculares no “day after”! Já no Iron, não tive nenhuma dor muscular, mas tive infeção urinária durante a prova (que só fui descobrir 8 dias depois), em razão da roupa molhada de suor, sol, chuva. Do uso de cápsulas de sal, gel de carbo e da própria liberação de ácido lático na corrente sanguínea. Enfim, é uma prova com uma logística complicadíssima, onde, por mais preparado que o atleta esteja, tudo pode acontecer! Por isso, dos quase 2.000 atletas inscritos, mais de 400 deles não conseguiram cruzar a linha de chegada! De forma que só me resta agradecer e comemorar essa conquista!

IMG-20160607-WA0023O IRONMAN Florianópolis foi organizado pela Unlimited Sports e realizado pela Associação Brasileira Esportiva Social e Cultural Endurance (ABEE). Conta com o patrocínio da Mizuno e apoio da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura de Santa Catarina (Fundesporte), Governo do Estado de Santa Catarina, Prefeitura Municipal de Florianópolis e Fundação Municipal de Esportes (FME/Fpolis), Citroen, Oakley, Gatorade, AquaSphere, Shimano, Integralmedica, NET, Outback, Unimed Florianópolis, Fetrisc, EU Atleta, Sympla e Trisport.

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Estrangeiros vencem o IRONMAN

Canadense Brent McMahon e a americana Elizebeth Lyles venceram a disputa na categoria Elite. Fábio Carvalho, em  6º, e Ariane Monticeli, em 4º, foram os melhores do país

Novos campeões e com novos recordes. O IRONMAN Florianópolis incluiu, mais dois nomes à lista de grandes  vencedores da disputa, a mais tradicional do país. O canadense Brent McMahon e a norte-americana Elizabeth Lyles foram os vencedores do South American Championship IRONMAN Florianópolis 2016. Brent, terceiro colocado em 2015, completou os 3.8 km de natação, 180.2 km de ciclismo e 42.2 km de corrida com o tempo de 7h46min10seg, novo recorde da prova e quase 20 minutos à frente do segundo colocado, o britânico Tim Don, com 8h04min15seg.

No feminino, depois de perder nos últimos quilômetros da maratona, em 2015 a norte-americana voltou este ano venceu com sobras, com marca de 8h54min11seg, também novo recorde. A segunda colocação, mais de 15 minutos depois, foi da alemã Mareen Hufe, 9h09min36seg.  A campeã de 2015, a brasileira Ariane Monticeli, teve problemas com sua bicicleta e, mesmo assim terminou em quarto, com 9h21min18seg.

Campeões de todos os anos

2001- Eduardo Sturla (ARG), 8h11min10s / Wendy Ingraham (EUA), 9h10min02s

2002 – Spencer Smith (GBR), 8h15min38/Nicole Leder (ALE), 9h24min45s

2003 – Oscar Galindez (ARG), 8h16min10/ Bárbara Buenahora (ARG), 9h33min21

2004 – Olaf Sabatchus (ALE), 8h19min32s/Fernanda Keller (BRA), 9h26min05s

2005 – Olaf Sabatchus (ALE), 8h50min56s/Joanna Zeiger (EUA), 9h29min43s

2006 – Oscar Galindez (ARG), 8h15min18s/Lisbeth Kristensen (DIN), 9h20min46s

2007 – Oscar Galindez (ARG), 8h21min11s/Nina Kraft (EUA), 9h12min39s

2008 – Eduardo Sturla (ARG), 8h28min24s/Fernanda Keller (BRA), 9h24min49s

2009 – Eduardo Sturla (ARG), 8h13min38s/Dede Griesbauer (EUA), 9h10min14s

2010 – Luke McKenzie (AUS), 8h07min38s/Tereza Macel (CAN), 9h26min08s

2011 – Eduardo Sturla, (ARG), 8h15min03s/Amy Marsh (EUA), 9h09min39s

2012 – Ezequiel Morales (ARG), 8h22min40s/Sofie Goss (BEL), 9h17min42seg

2013 – Timothy O´Donnell (EUA), 8h01min32s/Amanda Stevens (EUA), 9h05min52s

2014 – Igor Amorelli (BRA), 8h07min53s/Sara Gross (CAN), 8h56min34s

2015 – Marino Vanhoenacker (BEL)/7h53min44s/Ariane Monticelli (BRA), 8h59min08s

2016 – Brent McMahon (CAN), 7h46min11s*/Elizabeth Lyles (EUA), 8h54min11s*

Por Editor1

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