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Brasil amarelou no Mineirão

11//07/2014- 17:24

PorEditor1

jul 11, 2014

Em 1950, a decepção; em 2014, o vexame e o tão sonhado título em casa não veio, e o que é pior, trouxe,  em seu lugar, a pior derrota  da história da  Seleção.

Nem o maior pessimista poderia sugerir um desfecho tão cruel para um time que está sediando uma Copa e carrega consigo a fama de ser o país do futebol. É o maior vencedor desta competição, único que já participou de todas as edições. A derrota foi reflexo de vários erros anteriores a esta partida, mas jamais seria previsível desta natureza.  E se o Neymar não tivesse se machucado? E se o Thiago Silva não recebesse o segundo cartão amarelo? E se o Felipão não tivesse feito a escolha por Bernard, abrindo o meio de campo? São respostas que nunca ninguém terá. O que se sabe é que a Seleção Brasileira passou pelo maior vexame da sua história na última terça-feira, quando levou 7 a 1 da Alemanha, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, e deu adeus ao sonho do hexa em casa. A superioridade do time alemão já era conhecida por todos aqueles que acompanham o futebol, mas o Brasil facilitou muito para que o futebol brilhante dos alemães pudesse aparecer de forma clássica, com uma organização impressionante, disciplina tática, troca de passes, marcação sob pressão e, principalmente, determinação.  Do outro lado, um Brasil que amarelou, presa fácil, desorganizado, fragilizado, sem garra, determinação, literalmente sem competência para executar o básico, transformando um jogo que poderia ser uma arte entre duas escolas do futebol em um vexame humilhante que ficará marcado como a maior derrota da história do futebol brasileiro, superando a decepção de 1950, quando perdemos, no Maracanã, para a seleção do Uruguai, por 2×1. O futebol é feito de momento. Jogadores brilhantes hoje podem não estar na mesma fase amanhã. O técnico Joaquim Low, da Alemanha, convocou os jogadores que vivem o melhor momento em seus clubes, dentre os quais seis são do Bayer, de Munique, atualmente campeão mundial de clubes e campeão alemão, enquanto o treinador brasileiro Luiz Felipe Scolari convocou a família Scolari, família mesmo, grande parte deles seus apadrinhados [Júlio César, Fred…] deixando de fora jogadores brasileiros que estão em melhor momento do que muitos convocados da família Scolari, sendo um dos principais fatores que contribuiu para este grande vexame.

A Seleção entra em campo no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, em uma despedida melancólica da Copa do Mundo, decidindo o terceiro lugar contra a boa seleção da Holanda, que, com certeza, é favorita para este jogo, mas favoritismo não ganha jogo. Jogou bem contra  a Argentina, mas não teve competência de fazer seu gol, e perdeu a disputa na cobrança de pênaltis. Uma boa vitória sobre a Holanda poderia deixar um sentimento de que realmente o time teve uma pane contra a Alemanha.

A decisão no Rio vai reeditar a final de 1986, quando a Alemanha perdeu da Argentina, ou a de 1990, quando deu o troco nos argentinos. Miroslav Klose ainda terá mais uma partida para ampliar o seu recorde de gols. Nesta terça, ele marcou um, chegou a 16, e é o maior artilheiro da história das Copas, passando Ronaldo, que tem 15. Müller, com cinco nessa Copa, chegou a 10 na carreira. E ele tem apenas 24 anos.

O JOGO – Foram três minutos de domínio do Brasil. Um ataque frustrado, uma recuperação de bola ainda no campo de ataque, e um chute de Marcelo, à esquerda do gol. Após o primeiro ataque alemão, David Luiz deu um lindo lançamento, de pelo menos 60 metros, para Hulk. O atacante recebeu na ponta esquerda e cruzou, mas o goleiro Neuer chegou.

Só que o lançamento foi o único acertado pela defesa brasileira. O meio de campo inexistia e, por isso, as bolas iam direto dos zagueiros para os atacantes. Ou melhor, para os zagueiros alemães. Sem saída de bola, o Brasil entregava a posse dela para a Alemanha, que sabia exatamente o que fazer.

O primeiro gol começou em um erro de Marcelo, que errou passe de forma amadora no meio de campo. Ele se recuperou, matou o contra-ataque alemão, mas cedeu escanteio. Aí quem errou foi o festejado David Luiz, que deixou Müller sozinho na segunda trave para abrir o placar, aos 10 minutos.

Ainda houve um intervalo de 12 minutos até começar o massacre, período em que o Brasil nada criou. Tocava a bola na zaga até algum dos quatro homens da linha de defesa dar um chutão para frente. Aos 22, porém, Kroos escorou para Klose, que recebeu livre e bateu para boa defesa de Julio Cesar. No rebote, ele fez 2 a 0.

Daquele chute até o placar apontar 5 a 0, o relógio andaria apenas 6 minutos e 40 segundos. No terceiro, Lahm cruzou, ninguém tirou, e Kroos pegou bonito na bola. Julio Cesar tocou nela, mas de nada adiantou. O quarto entra na conta de Fernandinho, que perdeu bola boba para Khedira na entrada da área. O meia tocou para Kroos fazer mais um.

No quinto, tabela entre Khedira e Özil, para o jogador do Real Madrid bater rasteiro para o gol, no contrapé de Julio Cesar. Aos 31 minutos, a Alemanha ainda quase fez o sexto, mas o chute de Kroos desviou em David Luiz e passou rente à trave direita.

Nos 17 que faltavam no primeiro tempo, o Brasil só rezou para não levar uma goleada maior. Felipão só foi mexer no time no intervalo, com Paulinho e Ramires nos lugares de Hulk e Fernandinho.

A equipe melhorou mais pelo relaxamento dos alemães do que propriamente pela competência brasileira. Antes dos 10 minutos, criou duas ótimas chances, com Oscar, que mandou para fora, e Ramires, que parou em Neuer. A Alemanha, entretanto, seguia perigosa e quase fez o sexto com Müller. Julio Cesar fez boa defesa.

Calada, já sem muitos torcedores, que saíram no primeiro tempo mesmo, a parte brasileira do Mineirão assistiu passiva ao segundo tempo. Só explodiu na hora de xingar Fred, em uníssono. Centroavante que falta no Brasil sobra na Alemanha. Aos 23 minutos, em ritmo de treino, Schürrle recebeu livre na área e fez o sexto.

O atacante do Chelsea também faria o sétimo, depois de receber de Müller. A torcida levantou e aplaudiu os alemães, merecidamente. Até o fim da partida, a Seleção Brasileira ainda ouviria “olé” do seu próprio torcedor. Comemorações pelo gol de Oscar, nos acréscimos, só ironicamente.

FICHA TÉCNICA

BRASIL 1 x 7 ALEMANHA

BRASIL – Julio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho) e Oscar; Bernard, Hulk (Ramires) e Fred (Willian). Técnico: Luiz Felipe Scolari.

ALEMANHA – Neuer; Lahm, Jérôme Boateng, Hummels (Mertesacker) e Höwedes; Toni Kroos, Schweinsteiger, Khedira (Draxler) e Özil; Thomas Müller e Klose (Schürrle). Técnico: Joachim Löw.

GOLS – Müller, aos 10, Klose, aos 22, Toni Kroos, aos 24 e aos 25, e Khedira, aos 28 minutos do primeiro tempo; Schürrle, aos 23 e aos 33, e Oscar, aos 45 minutos do segundo tempo.

CARTÃO AMARELO – Dante (Brasil).

ÁRBITRO – Marco Rodríguez (Fifa/México).

RENDA – Não disponível.

PÚBLICO – 58.141 pessoas.

LOCAL – Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG).

Por Editor1

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