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DSC_0323O dia 8 de maio de 2016, domingo do dia das mães, será uma data que vai ficar para a história de Araxá. Domingo costuma ser dia de descanso, mas a população da cidade quebrou a rotina de calmaria para abrir alas à tocha olímpica. A chama acesa em Olímpia, na Grécia, aportou em Araxá no final da manhã de domingo e percorreu por  4,5 km por alguns pontos turísticos da cidade, em pouco mais de duas horas. O forte calor não atrapalhou o dia festivo, embalado por grupos culturais que espalharam música pelas ruas.  Um público devoto e feliz lotou as principais vias traçadas pelo roteiro da tocha de fogo. Estudantes, jovens, crianças e famílias inteiras contrariando a realidade econômica, política e social que enfrenta o Brasil, empunharam bandeiras, faixas e otimismo cívico para reverenciar o maior símbolo do esporte olímpico mundial. Quem percorreu o traçado urbano a pé deparou, a cada esquina, com rodas de capoeira, fanfarras, danças indígenas, bandas percussivas e a congada, expressão religiosa fundamental para a tradição mineira. O batuque ecoou por vários cantos da cidade, a terceira do Estado a ser visitada pelo comboio olímpico. No Dia das Mães, muitas delas elegeram a cerimônia de revezamento como programa de família, e não faltaram homenagens públicas. E o JORNAL INTERAÇÃO, com exclusividade, acompanhou de perto a passagem do fogo olímpico por Araxá e conversou com personagens famosos e anônimos que participaram e vibraram com a festa do esporte. Nascido e criado em Araxá, o vendedor Aldo Benatti, 45 anos, não se deu por satisfeito e confeccionou uma réplica da tocha em cartolina. Em homenagem à mãe e à esposa, escreveu a mensagem “Viva as mães”!

A Tocha Olímpica foi acesa pela primeira vez em solo araxaense na Avenida Amazonas. Os jovens Gustavo Alves Pacheco, Grazielle Aparecida Alves da Silva e Jennifer Adrielly  de Souza acenderam a Tocha Olímpica, e o servidor Matheus Martins Alves foi o primeiro a conduzi-la em Araxá.

Um dos personagens mais queridos da cidade também fez o papel de condutor do fogo sagrado. Correr com as mãos ocupadas não chega a ser novidade para Wagner Carlos Martins, ou simplesmente Waguinho Garçom. Recentemente aposentado, ele foi garçom durante toda a vida e, aficionado por corrida, disputou diversas vezes a São Silvestre, em São Paulo, de uniforme e bandeja em punho. Na cidade, até o guarda de trânsito o conhece pelo apelido. Durante os 200m em que conduziu a tocha, Wagner foi empurrado pelos gritos de “Waguinho! Waguinho!”. “Esse é um momento único para o Brasil. Ver a cidade de Araxá colorida e com tanta festa não tem preço. Subindo aquela ladeira, me senti fazendo parte da Olimpíada”, disse.  O amadorismo não deixou Ana Cláudia Borges Martins, de 33 anos, de fora dos Jogos Rio 2016. Atleta de ciclismo e taekwondo, ela também se sentiu inserida no maior evento esportivo do mundo ao conduzir a tocha da porta do Teatro Municipal até alguns metros antes da Igreja Matriz. A participação foi quase uma surpresa, já que o pai a inscreveu no processo de seleção feito por uma empresa patrocinadora. “Por saber que, como atleta amadora, eu não tenho chance de chegar a uma Olimpíada, ter a honra de carregar a tocha como uma das representantes da minha cidade é bastante prazeroso.” Dona Heráclita Ramos de Jesus, uma das remanescentes da comunidade indígena Canelas em Araxá, deixou o descanso típico do domingo para levar a neta e as bisnetas ao revezamento. Aos 67 anos e com cocar na cabeça, ela se  lembrou dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, ano passado, em Palmas (TO). “As aldeias têm os seus jogos, e é importante que nossos jovens vivam isso de forma plena. A cultura precisa ser mantida em todas as partes”, lembrou.

Depois de descer a avenida Amazonas, percorrer a avenida Vereador João Senna, passar pelo Teatro Municipal,  subir a avenida Antônio Carlos e avenida Imbiara, a Tocha Olímpica chegou à Fundação Cultural Calmon Barreto, seu último ponto de revezamento, carregada pelo médico Roberto Rocha. Recepcionado pela Banda de Música do 4º Batalhão da Polícia Militar de Uberaba e pelo Rivas Trio, da Escola de Música Maestro Elias Porfírio de Azevedo, Roberto ficou no topo da escadaria da fundação por alguns minutos, onde o público pôde ter um contato mais próximo para admiração e até tirar algumas fotos com o símbolo máximo das Olimpíadas.

Em frente, um cenário montado com uma carruagem, móveis de época e atores representando Dona Beja, Antônio Sampaio e as mucamas lembrava a história e cultura de Araxá. A tocha saiu da fundação ainda carregada por Roberto, e seguiu de carro até o Parque do Cristo.

O grand finale foi também o momento mais emocionante de todo o trajeto. Aos pés da escadaria do Mirante do Cristo, um dos pontos turísticos mais tradicionais de Araxá, a secretária de Esportes e atleta, Jane Porfírio, foi a escolhida para galgar os 327 degraus que conduzem ao topo do monumento. Na adolescência, Jane tornou-se tenista e chegou a entrar no ranking mundial. Depois, encantou-se pelo mountain bike e, competindo por esse esporte, chegou a ser campeã mineira, brasileira e conquistou o quarto lugar em um campeonato mundial. Mas um acidente desviou sua rota e levou a araxaense para o triátlon. Em breve, ela representará o Brasil em um torneio internacional em Oklahoma, nos Estados Unidos. Jane trouxe os moradores da cidade para dentro de sua experiência pessoal; em diversos níveis da subida, parou para cumprimentar conterrâneos, distribuiu beijos com as mãos e saudou a multidão de braços abertos. Ao chegar aos pés da estátua de Cristo, ela ergueu a chama em direção à imagem e, discretamente, rezou. “Foi a maior emoção que tive na vida”, admitiu. Por onde passa, a chama olímpica traz consigo um rastro de gente e, consequentemente, oportunidades de negócios. Rian Ribeiro Costa, de 13 anos, chamou a atenção para a importância não só festiva da passagem da tocha por Araxá, mas pela movimentação financeira que um evento dessa magnitude levou à sua cidade. Segundo ele, todo mundo sai ganhando. “A passagem da tocha, além de histórica, movimenta a economia e gera lucros”, dizia animado com a possibilidade de acompanhar tudo de tão perto. O pipoqueiro há mais de 13 anos, Sinval dos Reis, mais conhecido como Tapira da Pipoca, precisou administrar a fila que insistia em se formar diante de seu carrinho. “Hoje vendi o dobro do que costumo vender”, comemorava. Ambulantes, com frequência, precisavam reabastecer seus carrinhos com produtos.  Desde a chegada pela BR 262, o tour da tocha por Araxá teve paradas onde foram encenadas peças sobre a história, cultura e arte de Araxá. Uma festa bonita, popular, pacífica e um exemplo de democracia, ordem e integração que deveria ser seguido principalmente pelos gestores e políticos que comandam os destinos do Brasil.

Nara Gea, Daniel Alencar de Oliveira, Marli Abadia Tibúrcio Andrade, Natasha Van Rooyen, Alexandre Silva Leite, João Paulo Barreto, Lucas Caetano de Castro, Anízio Alves Gomes, Ernestina Aparecida Caixeta, Rodrigo Pereira Souza e Márcio Luís Petraccone também desfrutaram da emoção de conduzir a  Tocha Olímpica e receberam o calor humano do povo de Araxá.Tocha Olímpica Araxá (17) Tocha Olímpica Araxá (16) Tocha Olímpica Araxá (15) Tocha Olímpica Araxá (10) Tocha Olímpica Araxá (9) Tocha Olímpica Araxá (7) DSC_0426 DSC_0416 DSC_0395 DSC_0328 DSC_0296 DSC_0269 DSC_0261 DSC_0259 DSC_0255 DSC_0248 DSC_0237 DSC_0228 DSC_0207 DSC_0201 DSC_0199 DSC_0153 DSC_0087 DSC_0048

Por Editor1

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