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ARAXÁ:

A FALTA DE MÃO DE OBRA NO SETOR PRODUTIVO E O ASSISTENCIALISMO IRRESPONSÁVEL

Eu não conheço empresário em Araxá que esteja satisfeito com a disponibilidade de mão de obra, seja qualificada ou não. A insatisfação é geral, e está presente em todos os setores de atividades. Nas últimas semanas, a oferta de empregos no SINE tem girado em torno de 800 vagas. Se o quadro é recorrente, conclui-se que o índice de preenchimento de vagas tem sido baixo. A Indústria, Construção Civil e o Agronegócio têm buscado mão de obra em outras regiões e hospedando trabalhadores em hotéis e repúblicas. Este pessoal recebe pagamento aqui em Araxá e vai gastar em suas cidades.

A CAUSA DO DESEQUILÍBRIO

Não é preciso estudo científico para se descobrir que a causa principal deste desequilíbrio é o pacote de programas sociais, municipais e federais, os quais se tornaram uma fábrica de famílias miseráveis que preferem ficar “ad eternum” dependendo destes benefícios, sustentados por dinheiro público, do que buscarem um trabalho digno, conquistado por méritos próprios. As oportunidades estão sobrando, tanto o emprego como os cursos de qualificação profissional gratuitos.

Ao mesmo tempo, liderando este processo destruidor da sustentabilidade social, estão governos populistas, clientelistas e irresponsáveis na gestão do dinheiro público. Quanto mais famílias na faixa de pobreza, mais “eleitores de cabresto” terão e, por consequência, mais facilidades terão para se manterem no poder. Estima-se que Araxá tenha cerca de 30% da população em condições de pobreza e extrema pobreza. Em 2020, este número era de 27,4%, segundo o IBGE e a PMA.

Araxá oferece um fator facilitador desta conduta geradora de pobreza: o PIB per capita do município. O censo do IBGE de 2022 divulgou que Araxá tem o 19º PIB de Minas Gerais. Quando o convertemos em PIB per capita, ou seja, quando dividimos os R$6,094 bilhões do PIB por 111.691 habitantes, ficamos em 9º lugar.

Quanto à arrecadação municipal, atualmente ela está próxima de R$740 milhões por ano. Portanto, mais de 60 milhões por mês e 2 milhões por dia. Segundo o IBGE, dados de 2023 demonstram que Arax tem uma arrecadação por habitante 28,3% maior do que Patos de Minas. Em relação à Uberlândia, este indicador de riqueza é 16% maior. Ver: (https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/mg/araxa.html). A abundância dos recursos públicos permite fomentar o assistencialismo sustentador da pobreza, sem estabelecer limites aos beneficiados.

OS IMPACTOS NEGATIVOS NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO

Neste último dia 24/06, o jornal Tribuna do Povo divulgou um levantamento intitulado “As 100 melhores cidades do Brasil para morar”. Araxá está em 607º, entre os 5570 municípios brasileiros. Em termos comparativos, entre as 29 cidades mineiras melhores posicionadas no ranking, estão Guaxupé (4º), Luz (17º), Santa Juliana (24º) e Campos Altos (81º). Sim! É isso mesmo! O jornal é sério e apresenta o critério adotado. O araxaense que se interessa pela qualidade de vida em sua terra, se pergunta: por que estamos tão piores do que os municípios citados?

A resposta está em um importante indicador da boa gestão pública: a qualidade dos gastos. Quando se gasta exageradamente para sustentar programas sociais sem contrapartida, entra-se em um processo denominado popularmente de “saco sem fundo” e não sobra dinheiro para os bons projetos que melhoram o IDH-  Índice de Desenvolvimento Humano, a infraestrutura urbana e outros que impactam a qualidade de vida da maioria dos moradores.

Não sobra dinheiro para projetos que melhorem nossa Educação, medidos pelo IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.  Não sobra dinheiro para canalizar e construir os parques lineares ao longo dos córregos Santa Rita, Galinha e Grande. Não sobra dinheiro para construir o anel viário leste. Não sobra dinheiro para ampliar as áreas verdes. Não sobra dinheiro para cuidar do patrimônio cultural cujos prédios correm o risco de desabar. Destaca-se ainda que todos estes gastos “qualificados” estão previstos nos Artigos 47, 68 e 71 da Lei Municipal 5998/2011 – Plano Diretor Estratégico, permitindo constatar também que o atual governo não está cumprindo a referida lei.

Concluo manifestando minha expectativa de que, na campanha eleitoral à prefeito, deste ano, seja criado um debate de alto nível sobre os aspectos de responsabilidade para com os gastos públicos e sua destinação aos bons projetos no sentido do desenvolvimento integrado sustentável de Araxá. Pobreza se combate com oferta de oportunidades de trabalho digno, não por assistencialismo eleitoreiro.

 

Murilo Borges de Castro Alves, araxaense desde 1955, engenheiro desde 1978, consultor pós-graduado em Tecnologia e Gerenciamento da Qualidade, especialista em Gerenciamento de Projetos (PMP), foi secretário de Planejamento e Meio Ambiente na gestão 93-96, escreveu e publicou em 2016 o livro Caráter, Ética e Relacionamento na Engenharia. Foi coautor e publicou em 2020 o livro Manual para Excelência em Manutenção e Gestão de Ativos.

Contato: harmonia.murilo@gmail.com

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