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A surpresa estava logo na entrada do Memorial. Uma cópia rara da primeira edição do jornal impresso, Diário de Araxá, do ano de 1964. Essa raridade do acervo do Memorial,  foi o bastante para que o jornalista e advogado araxaense Paulo Gomes de Menezes de 82 anos, regressasse ao início de sua brilhante carreira de jornalista em meados dos anos 50 em Araxá, a sua terra natal. E o motivo de tanto entusiasmo e nostalgia, não foi a toa! Paulo Menezes foi o fundador, redator e repórter, do antigo e hoje extinto Diário de Araxá em sua versão impressa. Lembranças que fizeram o jornalista compartilhar com a nossa reportagem e com a direção do Museu da Escrita e da Imprensa Maurício Rosa, algumas de suas histórias curiosas e interessantes ao longo de sua consagrada carreira profissional.

Radicado na capital paulista, o jornalista Paulo Gomes Menezes, esteve em Araxá na semana passada e visitou o Memorial da Escrita e da Imprensa Maurício Rosa. Dono de uma memória privilegiada e muito culto, ele disse que, “ eu como jornalista que comecei na época do tipográfico chegando na era do off set (a impressão é um processo planográfico cuja essência consiste em repulsão entre água e gordura. O nome inglês off-set – fora do lugar – vem do fato de a impressão ser indireta, ou seja, a tinta passa antes por um cilindro intermediário ); estou vendo neste Museu um reconstituição histórica da maior relevância para aas novas gerações. Eles vão poder conhecer todo o processo de evolução da imprensa no mundo, pois começa com Gutenberg em 1492. Ele criou os tipos móveis, imprimiu a primeira bíblia e ali se deu o primeiro passo para a criação da imprensa. A partir daí se passo para o tipográfico e numa etapa seguinte surgiu  a máquina linotipo que você têm aqui no Museu da Escrita, que remonta aquela época que constituiu um passo de grande importância que ajudou muito no processo de criação de jornais e logo em seguida surge o offset que já permite as impressões de policromia, impressão a cores que também é reproduzida aqui no Memorial de uma forma brilhante. Eu vejo esse Museu, com tremendo orgulho e parabenizo a direção do Memorial por ter tomado essa iniciativa e espero que as gerações futuras, façam desse espaço um roteiro obrigatório de visitas, para que conheçam a evolução do processo  de comunicação de todos os tempos”.

O jornalista também revelou algumas histórias do início da carreira. Ele disse que, “ eu comecei minha carreira aqui em Araxá por volta de 1956, quando o Atanagildo Cortes criou o Correio de Araxá, e um belo dia impulsionado pelo sonho da minha adolescência e juventude, eu escrevi uma crônica e coloquei debaixo da porta do Correio de Araxá. O Atanagildo viu que eu tinha colocado, e sem me dizer nada publicou o artigo com a assinatura de ‘Pagome’ – as primeiras letras do meu nome. No domingo eu fui na banca do seu Genaro que ficava na rua Boa Vista. Muito apreensivo eu comprei o jornal e fiquei muito orgulhoso e na segunda-feira  o Atanagildo me procurou, me parabenizou pela crônica e a partir daquele momento passei a escrever no Correio de Araxá”.

Por quase uma hora o mestre das letras, Paulo Menezes, percorreu cada cantinho do Memorial e em cada parada, ele sempre tinha um rico comentário didático sobre as máquinas, tipos, acervo de revistas, livros e impressos do século passado, que fizeram parte da história dele e de muitos araxaenses. O jornalista relembrou histórias importantes da introdução das cores nos impressos produzidos no Brasil. Falou de sua relação com as redações dos principais e mais relevantes órgãos de imprensa nacionais. Revelou os seus contatos profissionais e de amizade com Roberto Marinho da Rede Globo  e com grandes personalidades da arte e da política brasileiras, Além das experiências no exterior e trabalhos de destaques em diversas empresas de comunicação do Brasil.

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