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A mesa de encerramento do 12º Fliaraxá reservou uma surpresa para o público: a participação da Ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia. De maneira online, Cármen Lúcia fez uma emocionante fala sobre a importância da leitura e de festivais literários como o Fliaraxá. “Não estou aí porque não posso. Meu gosto seria estar aí com vocês”, comentou a ministra no início de sua fala. “Festivais literários como este, produzidos com tanto carinho, são presentes para a nossa humanidade”. Na sequência, Cármen relembrou o país na década de 1960, durante a ditadura militar, citando Carlos Drummond de Andrade: “Se não há festa no momento,/ há festival/ e entre faixas, flâmulas flamengas/ e outras que tais/ o povo escolhe, soberaníssimo,/ seus ritmos ao tempo e ao vento”. “Os festivais literários cumprem, nestes tempos, um acordar no nosso sonho civilizatório. Todos têm o direito de ler um livro, de serem alfabetizados”, destacou a ministra. Citando Antônio Candido, a magistrada declarou: “são os livros que realizam essa possibilidade da gente se reorganizar, viver com a gente mesmo, viver com o outro”. Candido, um dos maiores pensadores da história da literatura brasileira, retornou ao discurso da convidada: “Assim como não é possível haver equilíbrio sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura.” “Nestes tempos, Afonso, precisamos muito de festivais como os que você promove”, salientou Cármen Lúcia, para quem a arte é a salvação da humanidade. “Estamos vivendo numa democracia que ainda tem muito a fazer, muito a percorrer. A arte é a salvação da humanidade para mim. A literatura é o instrumento mais apropriado para que a gente tenha essa reorganização pessoal, política e social”. A ministra ainda destacou a importância da literatura em uma contemporaneidade permeada por telas e o seu papel em permitir que entendamos o outro. “Eu diria que todas as obras literárias em toda a história da humanidade expõem todas as dores e também todas as alegrias do ser humano”. Ao final, a possibilidade de confraternização proporcionada por eventos como o Fliaraxá concluiu a fala de Cármen Lúcia: “São momentos em que a gente tem o gosto do encontro e da união em uma humanidade tão desencontrada e, portanto, tão necessariamente dependente de reuniões e encontros como esse.” O evento aconteceu no pátio da FCCB entre os dias 19 e 23 de junho.

 

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