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Por: Armindo Maia

Na história de Araxá há personagens bem curiosos. Por aqui passaram aventureiros e estudiosos vindos do estrangeiro, outros desbravadores e acidentalmente descobriram águas milagrosas, as sulforosas, por exemplo, que faziam um bem danado para o gado. A região também atraiu os simpáticos e corajosos pioneiros trazendo nos burros, mercadorias que iriam abastecer a vila ainda em formação. Os ambiciosos bandeirantes paulistas também vieram, dizimaram os índios arachás, os primeiros habitantes dessa terra, e os negros resistentesem um quilombo. Alguns personagens tornaram-se mitos e lendários, como Dona Beja, retrata pelo artista Calmon Barreto. Os museus de Araxá têm em seu acervo parte de tudo isso: são objetos riquíssimos, indumentárias, moveis, fotografias e muitas pinturas. São um verdadeiro tesouro de história, arte e cultura.É a partir desse ponto de vista que o documentário Vamos Conhecer Nossos Museus, de Glayer França Jordão, procura mostra. E em época de distanciamento social chega em boa hora. Teremos assim a oportunidade de visitar estes lugares sem sair de casa e de nos preparar para melhor conhece-los presencialmente em breve. Afinal de contas o filme atiça bem nossa imaginação, sendo essa a intenção do roteiro, como nos conta o diretor Glayer.O documentário procura nos levar numa viagem sensorial por esses museus genuínos e bem diversificados. Estão ali os três mais importantes museus, o Memorial de Araxá, o de Calmon Barreto e o recém-inaugurado Museu Histórico Dona Beja.

No filme a fascinante e bela Dona Beja, que tem todo um sobrado para contar sua trajetória, não nos chama mais a atenção que os personagens do Memorial de Araxá. Os personagens deste singular museu são aqueles que, através de suas profissões, ajudaram a construir e formar nossa comunidade. Os objetos e fotografias identificam alguma autoridade importante, barbeiros, médicos, escritores locais, as típicas doceiras, gente simples, porém todos notáveis.

 

NOSSA MEMÓRIA

Há aquela que nunca casou, mas adorava tocar piano e escrever discursos para alguma autoridade em apuros.

Uma outra escrevia livros e o marido, médico, boêmio e torcedor do flamengo e que nunca deixou de atender aos pobres.

O preto que morava e trabalhava na Estação de trens, com quatorze filhos e capitão da folia de reis, com muita dignidade, sim senhor. Estes personagens encantadores, cheios de humildes alegrias estão ali presentes, não são heróis nem vítimas, falíveis e pertencentes a um tempo quando era possível amá-los um pouco mais.

Em parte, a narração emocionante de Valeria Grillo, é responsável por tornar este documentário, simples e original, num registro intenso de nossa época. Ela é narradora dos conhecidos documentários do programa Planeta Terra da TV Cultura de São Paulo e aqui ela que nos convida a entrar pelas portas destes museus e deixar os catálogos de lado e apenas olhar e admirar as obras de arte. No Memorial, por exemplo pede para reparar atentamente os objetos tão bem preservados do cotidiano de nossa gente, que parecem ter saído das páginas de um livro. Nas primeiras máquinas de escrever, nos enormes telefones de parede, ou num terço religioso, numvelho chapéu e nos retratos antigos de pessoas singelas e exemplos de vida.

CALMON, O ARTISTA GENIAL

O filme, porém, é discreto no elogio dessas verdadeiras grandezas humanas. Mesmo ao grande artista Calmon Barreto dá-se o mesmo tratamento. Afinal Calmon é também personagem do Memorial, gente do povo, apesar de ter suas obras grandiosas emolduradas nas paredes do museu em sua homenagem. Obras que tão bem refletem toda a beleza de sua terra natal.

Seus quadros retratam toda a nossa região, deste os pioneiros montados em seus cavalos debaixo de chuva, o carro de boi, o curral, a doma de cavalos e toda a vastidão dos campos cerrados. Há ainda fatos históricos do município tão bem encenados em alguns quadros do artista, que aliados à musica criam atmosfera bastante convincente.

A produção contou ainda com a sorte para mostrar o museu Dona Beja reformado e agora novinho em folha, e está um primor. Uma modelo simpática e muito bonita encarna essa fascinante mulher que encantou o país, tornando-se lenda e mito.

O texto do filme é despretensioso e poético o que o torna, apesar de toda a informação contida, acessível a todos. Nesse sentido, cópias foram distribuídas às escolas de Araxá, bibliotecas e várias instituições culturais.Além da narração primorosa de Valéria Grillo, o documentário tem ainda a produção executiva de Amanda David e de Nando Ferreira e a colaboração dos funcionários dos museus. O projeto teve o apoio e coordenação da Fundação Cultural Calmon Barreto e o patrocínio exclusivo da CBMM.  Sem dúvida, mais um presente para Araxá chegando em boa hora. Para quem quiser assistir, o documentário está à disposição no Museu da Imagem e do Som, na antiga Câmara Municipal de Araxá, e em breve em todos os museus da cidade.

 

 

 

 

 

 

Por Editor1

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