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Sérgio Abranches e Miriam Leitão estiveram em Araxá para o Circuito CBMM de Cultura e interagiram com o público sobre economia e meio ambiente.

Na última sexta-feira, 28, o Circuito CBMM de Cultura e o Sempre um Papo trouxeram a Araxá um encontro inédito com a jornalista Miriam Leitão e o sociólogo Sérgio Abranches, no Centro Universitário do Planalto de Araxá (Uniaraxá). O debate foi mediado pelo jornalista Afonso Borges, escritor, produtor cultural e empresário, que idealizou o Sempre um Papo, há 26 anos, com o objetivo de valorizar a prática da leitura no Brasil. No encontro de Araxá, o assunto debatido foi “Economia e Meio Ambiente”, com o lançamento de obras sobre o tema.

Sérgio Abranches lançou o livro “Copenhagem: antes e depois”, que une sociologia e jornalismo para apresentar um panorama da cúpula mundial sobre o clima, aliás, um dos eventos já realizado sobre o tema, a Conferência de Partes de Copenhagem (COP15), em 2009. “Eu faço uma análise jornalística dos bastidores da negociação global sobre a mudança climática onde conto, inclusive bastidores das negociações que envolveram Obama, Lula, o primeiro ministro da China e as consequências disso para o Brasil e o mundo”, disse.

Em seu livro, ele mostra que a COP15 se residiu na brecha existente entre o saber científico sobre a mudança do clima e a política global. “Ela contrapõe o ritmo em que a ciência diz estar ocorrendo o aquecimento global à velocidade e profundidade das soluções políticas factíveis. A China, por exemplo, está realmente empenhada em reduzir suas emissões e até andou tomando medidas que vão muito além do prometido em Copenhague. O Brasil não fez nada ainda. É preciso regulamentar a legislação climática para começar a implementar essas e outras medidas”, ressaltou Abranches, em seu livro.

Na COP15, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir o desmatamento da Amazônia em 70% até 2017, o que, para o sociólogo, é insuficiente. “Nós já desmatamos uns 18% da Amazônia e, se chegar perto dos 30%, pode desestabilizar todo o sistema florestal setentrional da Amazônia. O desmatamento reduz a umidade e a resistência da floresta e ela entra em colapso, o que poderia transformar um pedaço da Amazônia num cerrado pobre e desértico. Seria preciso ainda uma meta adicional de recuperação de áreas florestais. A Amazônia precisa de um projeto de desenvolvimento que mantenha a floresta em pé”, opinou Abranches.

Ele acrescentou que esse projeto de desenvolvimento valorizaria a biodiversidade da Amazônia, que pode trazer benefícios relacionados a forma de proteínas, novos materiais, medicamentos e cosméticos. “Muita coisa na biodiversidade amazônica pode ser transformada em mercadoria e beneficiar toda a população do Brasil. É preciso uma rede de laboratórios de pesquisa básica na Amazônia que estudem esses princípios da floresta”.

Economia também foi pauta no Circuito CBMM de Cultura

A jornalista Miriam Leitão comentou sobre a economia no Brasil, lançando a sua obra denominada “Saga Brasileira: a Longa Luta de um Povo por sua Moeda”, um livro que traça a trajetória da moeda no Brasil. “O livro ‘Saga Brasileira’ trata da longa luta do País para estabilizar sua moeda. Foi uma luta de décadas, as famílias se envolveram e eu acompanhei isso como jornalista, a cada momento, a cada plano, a cada estouro da inflação e eu quis contar isso às novas gerações, que não vivenciaram isso, esses bastidores do governo e a casa das famílias. Entrevisto muita gente anônima e muitos governantes”, colocou.

A obra quer oferecer ao leitor um olhar do povo brasileiro de todo o cenário econômico vivido desde 1986. “O livro ainda contém os relatos de implementação de cada plano, seus personagens e detalhes curiosos conseguidos em entrevistas e depoimentos. A parte central do livro traz fotos que ilustram os causos curiosos de cada plano como filas enormes nos bancos, falta de produtos e máquinas remarcadoras apreendidas pela polícia. Contém também fotos de cada moeda e de um gráfico cronológico dos índices de inflação dos últimos 30 anos. O Brasil tem um longo caminho a percorrer e melhorar ainda mais na economia”, contou Miriam Leitão.

Miriam abordou que o livro não é feito para os economistas, e sim para as pessoas de um modo geral. “Nós trazemos histórias de brasileiros tratando sobre o cotidiano e de cidadãos comuns que contribuíram nesta importante fase que o Brasil passou na economia”, finalizou.

No debate com o público, Miriam Leitão aproveitou para alertar, principalmente aos jovens, sobre o aumento de endividamento desse público-alvo. “Nós não tínhamos crédito. A partir da estabilização, começou o aumento da oferta de crédito. Nos últimos 10 anos, dobrou o percentual do crédito PIB [Produto Interno Bruto], antes era 24% e agora, é 51%. Tem muito mais dinheiro ofertado. É preciso tomar muito cuidado, porque isso aí pode gerar crises que os países ricos estão ofertando. Todos podem sair em desvantagem com isso”.

Maravilhosa iniciativa

Para Miriam, esse tipo de evento é fundamental para repassar essas informações ao público. “Esses eventos são iniciativas maravilhosas. Então gostamos muito do projeto do Afonso Borges, que reúne vários escritores e vários livros, para divulgação e para venda com um preço acessível”, comentou.

Abranches compartilhou da mesma opinião da jornalista. “Acho que, cada vez mais, é importante que aconteça esse tipo de evento em torno de livros, e ter um público interessado em livro é, de fato, uma notícia sempre muito boa”, complementou.

O aluno do curso de Direito do Uniaraxá, Washington Silva, elogiou a iniciativa e saiu surpreso com o encontro. “Esse evento foi bastante proveitoso. É uma visão diferenciada da economia e do meio ambiente. Ambos apresentaram suas biografias, sendo muito esclarecedor”, destacou. “Saí bastante satisfeito do encontro. Foi uma aula de economia e de meio ambiente com uma linguagem, digamos, mais acessível a todos”, enfatizou o engenheiro Mariano Andradas.

Ao final do encontro, Sérgio Abranches e Miriam Leitão mostraram que a leitura é uma ferramenta importante para contribuir para o crescimento do Brasil e desenvolver parcerias. “Eu e Sérgio temos uma longa parceria. Fiz o prefácio do livro dele. Ele me apoiou muito, começamos a namorar e nos casamos por causa da paixão pelos livros.  Somos casados há 21 anos, e a nossa casa é cercada de livros. Isso é o que nos uniu e ainda nos une. Podemos dizer que somos unidos pela leitura”, finalizou Miriam.

Por admin

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