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Por: Simone Maria Rodrigues

John Lennon, do alto de

sua sabedoria disse:

“Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém notar, não fique triste. Pois o sol toda manhã faz um lindo espetáculo e, no entanto, a maioria da platéia ainda dorme…”

O trabalho de Dona Marlene Goulart nos remete ao saudoso Beatles. Conhecam-no!!!

 Marlene por Marlene, em poucas palavras…

Sou uma mulher feliz que vive a sua história seguindo as lições do evangelho, sempre atenta ás necessidades do próximo, seja alguém da minha própria família, um vizinho, até um estranho. Casada com Marco Antônio Goulart, mãe de três filhos Cláudio José Goulart, Omara Goulart Paollineli Frade, Marco Antônio Goulart Filho e avó de cinco netos Florença Goulart Paollineli Frade, Giulia Goulart Paollineli Frade, Maria Eugênia Pessoa Goulart, Maria Clara Pessoa Goulart, Emílio Paulista Goulart, gênro Paulo Cesar Paollineli Frade e noras Maria Martha Pessoa Goulart, Maira Queiros Goulart, muito queridos. Todos me estimulam nos desafios que enfrento e nas ações que desenvolvo, sempre com a parceria de muita gente e, principalmente, com as bênçãos do Pai.

“Um grama de ação vale uma

tonelada de teoria.” 

F. Engels

Fale-nos das suas recordações mais vivas da infância, da adolescência e dos estudos, morando na zona rural.

Tive uma vida muito simples. Meus pais se separaram quando eu estava apenas com quatro anos. Mudamos, então, para a fazenda em que meu avô trabalhava; aos oito anos, comecei a trabalhar para fora, visando ajudar minha mãe no sustento de meus irmãos. Da escola, me lembro de coisas agradáveis, de professores e colegas bem amigos, não poucas vezes, faltaram-me uniforme e sapatos para ir às aulas… Se o acesso às necessidades básicas foi difícil, os supérfluos de toda natureza eram impensáveis no meu cotidiano. Incluiam-se, nesta rotina, roupas, sapatos, brinquedos e qualquer ítem para as vaidades de uma mocinha. Duas pessoas me influenciaram muito positivamente: minha mãe – lutadora incansável e meu avô – acolhedor e amigo. A vida não me permitiu “ser e viver” como criança.

Como esta história de lutas e dificuldades influenciou na sua vida futura, de adulta?

Estas vivências moldaram um ser sem ambições pessoais, que agradece a Jesus cada dia que nasce, dando-me a oportunidade de realizar alguma coisa para o bem comum. Se for de meu merecimento, que eu possa ter saúde e disposição para tocar as atividades que tenho hoje e ampliá-las se possível. Vivo, no momento, com foco neste objetivo.

Hospital de Brinquedos São Francisco de Assis – como ocorreu este nascimento e qual sua finalidade?

Em 1998, quando eu já integrava há alguns anos em grupo espírita, que distribuía gêneros alimentícios recolhidos pela cidade e, também, servia sopa aos carentes, com grande movimento de doação às famílias por ocasião do Natal, percebi que as crianças ficavam um tanto esquecidas; nem sempre havia um “agrado” para elas. Foi, então que tive a idéia de recolher brinquedos usados, consertá-los e deixá-los aptos a fazerem a alegria dos pequenos. O telefone foi meu grande aliado e a comunidade respondeu positivamente. Juntei quatrocentos brinquedos, no primeiro ano. Mesmo as bonecas sem cabelo, de roupinhas estragadas e os carrinhos sem roda ganharam novos ares, depois da reciclagem. Fizeram bonito e despertaram sorrisos de felicidade. Assim começou o trabalho… No início, com 400 crianças e, hoje, mais de 12 mil. Tudo que recebemos, ainda que “doentes”, merece nossa gratidão como se fossem novos e chegam ao destino, devidamente ”curados”.

E aí, a Dona Marlene conseguiu outros “doutores” para o seu Hospital de Brinquedos?

As parcerias logo foram surgindo e aumentando a cada ano, tanto de doadores quanto de ajudantes para a reciclagem, higienização e embalagem, dos mimos. A mídia contribuiu muito, divulgando a nossa ação e os corações generosos têm aderido à nossa proposta… Importante! As bênçãos do Altíssimo sempre facilitaram nossa batalha voluntária, de coração.

Dos doze meses do ano, quanto tempo a senhora se envolve, integralmente, com o Hospital de Brinquedos?

Meu trabalho é em tempo corrido, sem férias, embora o auge seja nos últimos meses do ano. O envolvimento dos colaboradores é tão intenso que é sempre hora de bater à minha porta para entregar uma doação, alguma coisa para consertar ou uma doação de gêneros. Raramente passa um dia sem esse contato, essa dádiva. Como sou aposentada, vivo deste recurso e posso ficar por conta desta ONG, assim regulamentado nosso Hospital.

Depois do “tratamento”, como você acomoda os brinquedos e os entrega às crianças, considerando sexo e a idade diferentes?

Quando estou embalando os brinquedos fico imaginando o rostinho de cada criança que vai receber. Todos os brinquedos são separados por sexo e idade. Uma das minhas alegrias é permitir que cada criança escolha, no meio de tantas opções, o brinquedo que mais lhe agrada. Nada é imposto por nós. Nesta tarefa tão grata de alegrar os corações.

Após entregar os presentes, que reação você espera das crianças?

Nenhuma. Sei captar sua satisfação e perceber o seu sorriso. Isto basta e é até muito. A vida me ensinou a doar sem pedir retorno e não faço mais que a minha obrigação de cristã que, humildemente tenta colaborar para a felicidade do próximo. No fim, sou eu quem mais recebe.

Como justificar o nome de São Francisco de Assis para o Hospital de Brinquedos?

São Francisco se inscreveu na história do cristianismo por seu imenso amor pela natureza, principalmente pelos animais e pelas crianças, com total humildade e desprendimento. A generosidade é um atributo dos espíritos mais elevados. Nossa obra e nosso princípios têm estas mesmas características, ainda que seja só uma centelha perto da grandeza franciscana. Foi uma analogia…

Além de entregas avulsas, sabemos que através de instituições beneficentes os presentes chegam às crianças… Quantas são atendidas em Araxá e região?

Conforme as solicitações formais recebidas das instituições que são mais de 80 na cidade e em torno. Fora do Brasil já presenteamos crianças da África do Sul (Moçambique ) 10 aldeias, e neste ano para as crianças indígenas na fronteira do Brasil com a Bolívia. Há outros projetos  em desenvolvimento, além do carro-chefe que são os brinquedos; assistimos muitas famílias carentes com cestas básicas, vestuários, calçados, materiais escolares, geladeiras, fogões, camas, e outros. E futuramente na sede própria temos projetos para auxiliar as famílias em encaminhamentos médicos-odontológicos, oferecendo aulas de informática, tratamentos para cura de vários vícios, ações de reinserção social e no trabalho, além de evangelização.

Destaque os nomes de alguns parceiros mas comprometidos com sua obra.

Preferimos dizer que todos são importantes visto que colaboram no limite que podem. Nossa prece de agradecimento vai igual para todos… O mesmo ímpeto move o gesto de todos – o amor ao próximo.

Doações têm chegado para o Hospital de Brinquedos de várias partes do Brasil e do exterior. Quem tornou a Dona Marlene e seu trabalho tão conhecidos?

A imprensa e os amigos que nos conhecem. Participei de programas de rádio, TV Integração, TV Sintônia. O Globo repórter, o Jornal Nacional e o mais Você da Ana Maria Braga abriram o país e o mundo para mostrar a nossa obra despretensiosa, simples, transparente, sem rótulos, de muito amor. Repito: praticamos os ensinamentos do Mestre; nada além.

Como as pessoas interessadas podem ajuda-la neste trabalho lindo?

Há várias formas:

1º Nos conhecendo e ao nosso trabalho pelo SITE: www.hospitaldebrinquedossaofrnciscodeassi.blogspot.com ou (End.: Rua Santa Rita nº176 – Centro);

2º Adquirindo e participando de rifas e eventos em benefício da obra;

3º Enviando gêneros, vestuário e brinquedos para o nosso endereço;

4º Finalmente, depositando o valor que desejarem no Banco Caixa Econômica Federal: Nº104, Agência: Nº 0097, Operação: Nº 013, Conta Poupança: Nº 30.141-9, em nome do Hospital , CNPJ: Nº15.387.643/0001-07.

Lá na frente, que sonho a Dona Marlene tem para sua ONG (Organização Não Governamental)?

A construção da sede própria para o Hospital, com espaço para todas as atividades e ampliação de outras que temos em mente. Isto demanda recursos que não possuímos. Nada, porém, que o amor não consiga transpor… E que não nos falte afeto para preencher cada cantinho de nossa obra, se esta for a vontade de Deus.

Suas Palavras finais…

Agradeço a Jesus o privilégio de poder servir aos meus irmãos. Minha gratidão se estende àqueles que com ajuda ou intenção nos fortalecem no dia-a-dia. À nossa família e confrades – presenças que fazem leve a nossa jornada. Ao Jornal Interação, da honra de ocupar este espaço. Aos araxaenses, o convite: venham nos conhecer! Bênçãos de Jesus para as famílias de todos.

Por Editor1

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