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O administrador Thiago Maffra, que assumirá o cargo de CEO da XP Inc. em 12 de maio de 2021, nasceu longe do mercado financeiro. Natural de Araxá, cidade do interior de Minas Gerais, criou-se em Itapevi, na grande São Paulo. Teve uma infância simples e sem grandes luxos. Para estudar em escolas melhores, sua rotina envolvia um bate-e-volta diário a São Roque, cidade vizinha de Itapevi. O contato com o mundo dos investimentos aconteceu bem mais tarde, na escolha da faculdade. “Minha preocupação era ter uma profissão que me abrisse portas e permitisse ajudar a minha família”, disse Maffra em um e-mail enviado a funcionários da XP Inc. e agentes autônomos logo após seu anúncio como futuro CEO da companhia. Com isso em mente, foi estudar administração no Insper. O curso durou de 2002 a 2006. Ingressar na faculdade exigiu sacrifícios. Sem dinheiro para as mensalidades, Maffra, com boas notas, conseguiu uma bolsa de estudos parcial. Mas para entrar na instituição, na época, também era obrigatório ter um laptop. A jornada foi possível porque, para bancar os custos, sua mãe decidiu vender o próprio carro. Durante a faculdade, Maffra dividia um apartamento de dois quartos com outras sete pessoas. Sem saber inglês, outro desafio foi aprender o idioma sozinho. “Todos os livros da faculdade eram justamente em inglês, então não tive opção, e como não podia pagar um curso, foi na raça mesmo”, contou.

CARREIRA NO MERCADO FINANCEIRO

Maffra chegou de fato ao mercado financeiro – área em que acreditava que teria boas oportunidades – em 2006, estabelecendo uma carreira em mesas de operações em diversas instituições. Uma delas foi a Bulltick Capital Management, instituição com sede em Miami. Lá, operava nas Bolsas brasileira, mexicana e americana, além de lidar com os clientes dos fundos administrados pela casa. Outra foi a corretora Souza Barros, uma das mais antigas do país em 2015, quando encerrou suas atividades. Foi trader, focado também em mercados internacionais. Depois de quase dez anos de carreira, Maffra foi trabalhar na XP em 2015. “Parece ontem, mas na época o Brasil estava em crise e a XP ainda estava emergindo, começando a apontar na direção do que conhecemos hoje”, afirmou. O modelo meritocrático e o sistema de partnership foram atrativos importantes para o então trader.

DESAFIOS E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA XP

O primeiro desafio de Maffra na XP foi montar a mesa de algotrading, ou algorithmic trading. De maneira simples, é a negociação de ativos no mercado financeiro com a utilização de algoritmos – também chamados “robôs” de investimento – que acompanham as oscilações das cotações a indicam a melhor alocação para os recursos. Vencido o primeiro desafio, Maffra decidiu usar suas economias para cursar um MBA nos Estados Unidos. Matriculou-se na Columbia Business School, em Nova York, e se mudou para lá. Seu afastamento da XP durou pouco: depois de dois meses, passou a trabalhar para a empresa a partir de Nova York, até terminar o curso. Foi um período em que atuou como gerente de equity para clientes de varejo. De volta a São Paulo, sua nova missão na XP foi montar a Xdex, a corretora de criptomoedas da casa. Foi dali que Maffra migrou para a área de tecnologia, no início de 2018, como diretor executivo de tecnologia – ou CTO. “Maffra fez a coisa mais difícil que tinha para fazer na XP, que foi a transformação tecnológica. Ele que implementou nossos squads, a visão de execução por jornadas”, disse Guilherme Benchimol em uma entrevista. Benchimol é fundador da XP e quem passará o bastão CEO da empresa para Maffra. A partir de 12 de maio, Benchimol assumirá a nova função de presidente executivo do conselho de administração da XP Inc. Assumir como CTO não seria uma tarefa simples: em dez anos, segundo Benchimol, cinco diretores diferentes haviam passado pelo cargo. “Ele não era um cara de tecnologia lato sensu, de UX”, disse na entrevista. Seu bom desempenho na função, no entanto, foi rápida e amplamente reconhecido na companhia. Segundo explicou Maffra em uma entrevista, a empresa já havia percebido que tinha um modelo ultrapassado e que, para ser líder e dominar o ecossistema do mercado financeiro no Brasil, era preciso tanto ter tecnologia quanto mudar a estrutura organizacional.

Por isso, uma das suas decisões foi organizar o time de tecnologia em cerca de 80 squads, equipes multidisciplinares que funcionam de maneira autônoma. O modelo deu agilidade à implementação de mudanças e execução de projetos.

FOCO NA TECNOLOGIA

Maffra liderou a área de tecnologia da XP no momento em que o tema foi definido como prioridade na empresa. Quando assumiu o posto de CTO, em 2018, o time de tecnologia tinha cerca de 150 pessoas. No primeiro trimestre de 2021, a equipe passava de 1.500 profissionais. Só em 2020, foram mais de 500 contratações na área, muitas de pessoas vindas de grandes e populares empresas de tecnologia, como Facebook, Google, Amazon e Mercado Livre. “Tecnologia deve compor quase metade da empresa”, disse Maffra em uma entrevista. Existe uma razão estratégica para o foco da XP ter se voltado para tecnologia. “Acreditamos que está na hora de acelerar e migrar de um modelo no qual a tecnologia ‘serve o negócio’ para outro em que a tecnologia existe para ‘servir o cliente, de uma forma que funcione para o negócio’”, afirmou Benchimol em e-mail enviado a funcionários. Por isso, o perfil de Maffra foi visto como o ideal na empresa. Ele foi anunciado como futuro CEO da XP Inc. em março de 2021 e assumirá o cargo no dia em que a empresa completará 20 anos de fundação. Seu desejo, em suas palavras, é construir a melhor fintech (como são chamadas as empresas de tecnologia voltadas ao segmento financeiro) do mundo. “Nossa missão para os próximos anos será intensificar a transformação do mercado financeiro a favor dos clientes, nos consolidando de vez no mundo dos investimentos para as pessoas e as empresas, e avançando para outros serviços, como conta digital, cartão de crédito, crédito, seguros e muito mais”, afirmou o executivo.

Fonte: InfoMoney

Sobre a XP Inc.

XP Inc. é uma empresa brasileira de gestão de investimentos. A empresa oferece renda fixa, ações, fundos de investimento e produtos de previdência privada, além de oferecer gerenciamento de patrimônio e outros serviços financeiros.

Por Editor1

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