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Fábrica de sabonete Nur – Araxá

( Nur  Cosméticos)

Em 1939, a estância hidromineral de Araxá, no estado de Minas Gerais, famosa por suas águas termais e também por ser a terra de D. Beja, a bela cortesã que no século XIX encantava a todos com sua beleza, foi o destino final do casal de imigrantes libaneses Abdanur Elias e Lulo Neder Abdanur.

A família Abdanur trouxe consigo a tradição libanesa de fazer em casa sabonetes para uso próprio, de rosas, ervas e óleos naturais. Na década de 1960, utilizaram-se deste conhecimento para iniciar a fabricação de sabonetes à base de lama e de água sulfurosas encontradas em Araxá, cujos benefícios medicinais para a saúde da pele eram já longamente conhecidos. A beleza da D. Beja era associada ao uso frequente que ela fazia da lama e da água sulfurosas de Araxá.

Desde então, há mais de 60 anos, os cosméticos da lama e da água sulfurosas de Araxá continuam proporcionando saúde e beleza natural a todos que deles fazem uso. A empresa está localizada na rua Dr. Franklin de Castro, 90, no centro de Araxá.

Você saber quem foi José Abdanur?

José Abdanur (Zezão)
por Eduardo Abdanur ( filho)

Eduardo Abdanur

“Meu pai tinha duas paixões: a fábrica de sabonetes e o cinema”

A história dos 150 anos da cidade de Araxá jamais poderia ser escrita ou retratada sem a participação efetiva e sólida das famílias de imigrantes que aqui aportaram em busca de oportunidades e que fizeram dessas oportunidades base para ajudar na construção e no desenvolvimento social, econômico e principalmente cultural de Araxá. Entre tantos personagens vindos de terras estrangeiras para Araxá, hoje vamos destacar a trajetória de luta e sucesso do saudoso José Abdanur, conhecido carinhosamente por “Zezão”, que amava a sétima arte e aqui fundou, em 1962, a Fábrica de Sabão, que está em atividade até hoje e é famosa pela produção do sabonete de lama negra. Um dos seis filhos de “Zezão”, Eduardo Abdanur, é quem comanda o ofício iniciado pelo pai há  62 anos. Conta ele: “Meu pai chegou ainda menino a Araxá, vindo da cidade de Sacramento. Trabalhou lá no Grande Hotel, em seguida montou uma lavanderia e, com óleo que tirava de roupa para lavar a roupa, surgiu a ideia do sabonete que hoje é conhecido no mundo todo. Foi meu pai que criou toda a estrutura, descobriu a fórmula e organizou tudo na fábrica.”

Seu José Abdanur estudou no Delfim Moreira e no Colégio Dom Bosco. Muito inteligente e dedicado, tinha outra paixão, como conta Eduardo: “Ele, ao lado do Geraldo Porfírio, do Rádio Imbiara, montaram o Cine Brasil. Os filmes eram outra paixão do meu pai. Ele trabalhava de manhã, fazendo sabão e à noite, projetando filmes. Era uma pessoa muito respeitada na cidade. Todo mundo gostava do ‘Zezão’. Ele tinha muita história de Araxá. Muita gente ia à minha casa para ouvir as histórias antigas de Araxá e de seus personagens, contadas com riqueza de detalhes pelo meu pai. O ‘Zezão’ era um livro de história ambulante, sabia tudo da cidade

 

antiga.”

Eduardo Abdanur conta também que a família de seu José Abdanur foi uma das primeiras descendentes de libaneses a aportar em Araxá, no ano de 1939. “Meu pai tinha muito orgulho que a cidade de Araxá sempre deu carinho e apoio, alguma coisa estava errada. Ele não teve cargo político, mas influenciou no meio, em que as pessoas estavam pisando na bola, ele dava o grito, protestava e chamava a atenção delas.”

Eduardo revela que a fábrica de sabonetes, com toda a estrutura pensante de seu pai, é uma referência para ele, que há mais de 50 anos à frente, mantém vivo o espírito do fundador, como ele faz questão de lembrar: “Meu pai foi uma referência não só no Brasil, mas também para os tampos em Portugal. “Mesmo após criar o que hoje é um produto reconhecido mundialmente, a fábrica e a loja do sabonete ‘Nuri’ da lama negra de Araxá ainda são paradas obrigatórias para o turista e visitante. E para nós, que continuamos dando sequência ao ofício de seu Zezão, que meu pai começou em 1962, é muito gratificante ver que um descendente dele não só mantém o negócio em Araxá, mas também se empenha com carinho em continuar lutando pela cidade e conquistando em seu favor desde que decidiu se estabelecer e construir uma família de bem.”

( Fonte; Revista Araxá de dezembro de 2015)

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