Havia indícios que expansão do PIB via consumo não duraria, diz Juliana Trece, da FGV
Para Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB-FGV, juros e inflação estão refreando o consumo das famílias, que vinha sendo o principal motor da economia The post Havia indícios que expansão do PIB via consumo não duraria, diz Juliana Trece, da FGV appeared first on InfoMoney.


A fraqueza do PIB (Produto Interno Bruto) no quarto trimestre de 2024, que cresceu 0,2% em relação ao período entre julho e setembro, acende um alerta sobre a atividade econômica, e mostra que os juros elevados e principalmente a inflação já estão impactando o consumo.
A avaliação é de Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB-FGV, relatório mensal que analisa a atividade econômica do Brasil, que aponta que o dado preocupa pois é justamente o consumo das famílias que vem sendo o principal motor da economia.
Ela conversou com o InfoMoney sobre o que mais achamou a atenção nos dados divulgados hoje pelo IBGE, e analisou o que vem pela frente. Confira abaixo.
Qual a sua avaliação do PIB, que surpreendeu para baixo?
O PIB do ano veio com um crescimento forte e disseminado. Apenas o Agro teve uma queda pequena, em cima do forte crescimento que teve em 2023. Já para o quarto trimestre, se esperava desaceleração por causa da pressão inflacionária e da subida de juros, mas as expectativas eram de uma alta de 0,4%, e veio 0,2%, um pouco abaixo do esperado.
Vimos em 2024 uma expansão via consumo, e havia indícios de que isso não duraria por muito tempo pela alta de juros e pela inflação. O Brasil está crescendo pela expansão da demanda, mas nossa capacidade produtiva não acompanha, e isso gera pressão inflacionária. Aí o Banco Central precisa fazer uma política monetária mais contracionista para conter a inflação, e isso faz com que fique mais caro contratar e investir. E precisamos de investimento para um crescimento mais sustentado.
É importante ressaltar que o investimento em 2024 veio com crescimento, e que subiu menos no quarto trimestre, com 0,4% de alta depois de um crescimento forte no primeiro, segundo e terceiro trimestres do ano. Para 2025, o cenário também não é bom para investimentos, porque com os juros em alta ao longo do ano é difícil se pensar numa recuperação.
O que o PIB do quarto trimestre indica para 2025?
Já era esperado que o PIB de 2025 fosse menor, e os juros mais altos são cruciais para explicar esse movimento. Isso porque não temos mais capacidade de crescer através da demanda.
Mesmo assim, vamos ter em 2025 uma safra muito boa de soja e milho, concentrada muito no primeiro trimestre. Podemos ver um PIB melhor inclusive do que o do quarto trimestre. Mas é algo pontual, por causa da agropecuária, e o segundo semestre será mais desafiador, porque a previsão é que a Selic continue elevada.
O fato de o quarto trimestre ter vindo mais fraco do que o esperado pode mexer nas projeções para o PIB de 2025?
Não sei se mexe em projeções, mas liga um alerta maior, a desaceleração fica mais evidente. Ao mesmo tempo há muitas variáveis envolvidas, muitas incertezas, como qual será o efeito da questão climática sobre a safra, com possíveis chuvas e estiagens, e o governo de Donald Trump nos Estados Unidos, com medidas de tarifas.
Qual a avaliação dos serviços dentro do PIB do quarto trimestre? A fraqueza pode reduzir a pressão inflacionária?
A principal surpresa negativa foi dos chamados outros serviços, que recuaram 0,1%, uma queda pequena, mas que pesa muito. Os outros serviços, que incluem bares e restaurantes e cabeleireiros, entre outros, pesam muito. Por causa do mercado de trabalho aquecido, eles tiveram seis trimestres consecutivos de crescimento, e agora veio essa queda.
É um segmento da economia que é muito empregador. O recuo mostra que a atividade econômica está perdendo força, e isso pode colaborar para a redução da pressão inflacionária.
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