Logo Jornal Interação

Quando o assunto é Gestão Pública, a tomada de decisão sobre quais as obras são mais prioritárias, exige um rigoroso critério técnico e sensibilidade política por parte do governo, para se fazer a melhor escolha. Em meus 30 anos que acompanho a Gestão Pública em Araxá, eu não me lembro de uma decisão tão infeliz como a construção dos sanitários públicos, em cima de um jardim, ao lado do Teatro Municipal, em frente a três prédios históricos – parte do patrimônio cultural de Araxá.

A equipe do governo não ouviu, com a devida antecedência, nenhum dos conselhos municipais, os quais são constituídos exatamente para “aconselhar” o governo a tomar decisões mais corretas, ou seja, conforme as leis e normas técnicas, e conforme as necessidades e desejos da maioria da população. O uso dos conselhos é o principal fundamento da democracia, tanto aplicado na gestão pública tradicional, como na recente ciência sobre Cidades Inteligentes.

A avenida Antônio Carlos e praça Coronel Adolfo foram remodeladas recentemente, cujo projeto de arquitetura é de autoria de um dos profissionais mais conceituados do Brasil em urbanismo. Este profissional não foi consultado antecipadamente, nem como respeito à sua autoria, nem para se buscar uma solução equilibrada aplicável a um sanitário público, em conformidade com os melhores projetos do mundo.

Sob um conceito moderno de Cidades Inteligentes, não precisa ser um especialista em urbanismo para entender que a melhor solução seria criar um Espaço da Cidadania onde se oferece área de descanso, convivência, serviços públicos de atendimento ao cidadão e até um centro comercial cujas lojas ficariam responsáveis pela limpeza e manutenção dos sanitários, desonerando os recursos públicos. Aquele terreno onde funciona hoje o Procon, bem em frente ao “infeliz banheiro”, pertence ao Lions Club e é passível de venda, segundo informações confiáveis. Um projeto inteligente, próprio de governos que decidem voltados para todos os araxaenses, poderia ainda alojar os dois museus que funcionam hoje, de forma improvisada, no casarão da Avenida Vereador João Sena. Sendo um Espaço de Cidadania e Cultura poderia até receber verbas federais e estaduais de incentivo à Cultura.

Só me resta desejar que neste próximo primeiro de janeiro, assuma uma equipe que governe para todos os araxaenses, que saiba ouvir os conselhos municipais e demais representantes da Sociedade Civil Organizada, e que tenha visão conceitual de gestão pública destinando de forma adequada os R$ 3 bilhões de reais que terá em mãos nos próximos 4 anos. Araxá não tem vocação para província onde se tomam decisões infelizes – caracterizadas por politicagem da pior espécie.

 

Murilo Borges de Castro Alves, araxaense desde 1955, engenheiro desde 1978, consultor pós-graduado em Tecnologia e Gerenciamento da Qualidade, especialista em Gerenciamento de Projetos (PMP), foi secretário de Planejamento e Meio Ambiente na gestão 93-96, escreveu e publicou em 2016 o livro Caráter, Ética e Relacionamento na Engenharia. Foi coautor e publicou em 2020 o livro Manual para Excelência em Manutenção e Gestão de Ativos.

Contato: harmonia.murilo@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *