Viola enluarada
Milton Nascimento e Marcos Valle
A bela música ‘Viola enluarada’ é uma composição de 1967 dos irmãos Marcos Valle e Paulo Sergio Valle. A canção representava bem o momento político vivido pelo país na década de 1960, no qual grande parte das letras possuía um conteúdo político-social, criticando a estrutura social estabelecida.
A primeira gravação de “Viola enluarada” ocorreu no LP de mesmo nome, gravada em dueto de Marcos Valle com Milton Nascimento.
Ao contrário de outras músicas de protesto, em que o êxito se baseia quase tão somente na força da letra, ‘Viola enluarada’ possui, além dos belos versos libertários, uma rica melodia, que a classifica entre as maiores canções brasileiras.
Esse clássico da MPB, Interpretado por Milton Nascimento em plena ascensão e lançado pela gravadora Odeon em maio de 1968 foi revivida, em 2011, na trilha sonora de “Amor e revolução”, do SBT, novela esta ambientada na época da ditadura militar no Brasil.
Houve ainda regravações por Jair Rodrigues, Eliana Pittman, Carlos Galhardo, Cauby Peixoto, Beth Carvalho, Eduardo Conde e pelo conjunto Os Cariocas, entre outras. A saudade do Brasil, sentida por Marcos Valle durante uma longa estada nos Estados Unidos, levou-o a compor uma toada dolente, com harmonia bem brasileira.
Divulgada inicialmente em shows do Quarteto em Cy e da cantora Eliana Pittman, a canção foi lançada pelo selo Odeon num compacto com Marcos Vale e Milton Nascimento por serem estes contratados da gravadora. Nesta gravação, que tem arranjo de Dori Caymmi, a dupla canta exatamente como fazia nas reuniões com os amigos. Aliás, a boa participação de Milton, bem à vontade, acontece não por acaso, pois a composição encaixa-se em seu estilo como se por ele tivesse sido feita.
Abaixo a letra de ‘Viola enluarada’.
“A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra
Mata o mundo, fere a Terra
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino
Louva a morte
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada
Esperança de vingança
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta (Capoeira)
Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira
Pra defendê-la se levanta
E grita: – Eu vou!
Mão, violão, canção, espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade
Porta-bandeira, capoeira
Desfilando vão cantando
Liberdade!
Liberdade!”