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O presidente Jair Bolsonaro aproveitou seu novo vídeo ao vivo transmitido na web no último dia 27  em Osaka, no Japão, onde estava  sendo realizada a conferência do G20, para exibir talheres e bijuterias feitas a partir do nióbio e expor as supostas vantagens do metal. “A vantagem em relação ao ouro são as cores, que variam, e ninguém tem reação alérgica ao nióbio. Alguns têm ao ouro”, disse Bolsonaro, que desde 2016 defende que esse metal pode nos dar independência econômica.  O nióbio é um elemento químico da tabela periódica, localizado na quinta coluna entre o zircônio e o molibdênio. Seu número atômico é o 41 e é classificado como metal de transição; ou seja, esse metal deixa o aço ainda mais forte e resistente. Foi descoberto em 1801 por Charles Hatchett, quando o químico inglês analisava amostras de uma rocha do acervo do Museu Britânico. No Brasil, foi o geólogo mineiro Djalma Guimarães que, em 1953, descobriu a reserva em Araxá, Minas Gerais. As maiores reservas ativas no nióbio se encontram no Brasil: são cerca de 98,4% do total mundial no nosso país. Canadá detém da segunda maior e conta com 1,11%. No Brasil, as maiores reservas se encontram nos estados de Minas Gerais (Araxá e Tapira), Amazonas (São Gabriel da Cachoeira e Presidente Figueiredo) e Goiás (Catalão Ouvidor). Após estudos realizados por especialistas, acredita-se que atualmente existam 842 milhões de toneladas de nióbio em Araxá, o suficiente para cobrir a demanda mundial pelos próximos dois séculos. Na década de 1960, Walther Moreira Salles, banqueiro e ex-embaixador brasileiro em Washington, EUA, se tornou acionista majoritário das operações da CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) em uma mina de nióbio em Araxá. Desde então, a mina pertence à família Moreira Salles, que hoje detém de 70% das ações da empresa. Em 2011, os irmãos João e Walter venderam 30% da empresa –15% para um consórcio japonês-sul-coreano e 15% a um grupo de empresários chineses– por US$ 3,9 bilhões.

O telescópio espacial Hubble, o viaduto francês de Millau, considerado o mais alto do planeta, e o acelerador de partículas Grande Colisor de Hádrons são alguns dos equipamentos que contêm nióbio em suas ligas ou condutores. O metal também pode ser encontrado em equipamentos médicos, reatores nucleares, plataformas de petróleo e turbinas de avião. Seria então, o nióbio, o substituto do ouro e o responsável por nossa independência econômica? “Embora seja um minério abundante no Brasil, ele não é raro no mundo. Existem por volta de 85 depósitos conhecidos, a maior parte não explorada comercialmente”, explicou Marcos Stuart, diretor de Tecnologia da CBMM à revista Pesquisa Fapesp em março deste ano. Ele também nega boatos de que o produto seja contrabandeado a partir do Brasil. “A CBMM criou o mercado de nióbio a partir da descoberta da mina em Araxá. Antes, pouco se sabia sobre esse elemento e seus benefícios nos segmentos em que é aplicado.” O geólogo Marcelo Ribeiro Tunes, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), também disse na mesma reportagem que não procede a crítica de que o Brasil vende nióbio a preços baixos. “O preço dos produtos de nióbio, entre US$ 40 e US$ 50 o quilograma, reage de acordo com o mercado. Se o preço aumentar de forma irracional e especulativa, os clientes buscarão outras opções”, diz. A tonelada de minério de ferro vale US$ 90 (ou US$ 0,09 o quilo), enquanto uma onça de ouro (31,1 gramas) é negociada por US$ 1,3 mil. Um quilo do metal custa US$ 41,8 mil, cerca de mil vezes o valor do nióbio. Por isso e pela insistência de Bolsonaro no elemento, os internautas não deixaram de fazer brincadeiras com o vídeo publicado dia 27 pelo presidente. ( site UOL )

Por Editor1

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