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“UMA LONGA E INESQUECÍVEL NOITE DE 1967”

Francisco José Géa

 

img089APRESENTAÇÃO

Foi durante uma longa e inesquecível noite, acontecida exatamente no dia 21 de outubro de 1967, durante a apresentação da finalíssima do “TERCEIRO FESTIVAÇ DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA”, realizada pela TV Record, e que teve como palco as dependências do Teatro Paramount, em São Paulo.

Sem dúvida alguma, este foi o mais importante festival de música, que aconteceu no Brasil, em todos os tempos, pois o mesmo foi um marco, dentro da nossa cultura, pois ele deixou um legado e uma participação musical, histórica, política e sociológica, ao longo do tempo.

Foi talvez, o mais importante e rico de todos os festivais de música popular brasileira, de todos os tempos. Sendo que foi a partir deste festival, que surgiram os consagrados nomes de “CHICO BUARQUE”, “CAETANO VELOSO”, “GILBERTO GIL” e “EDU LOBO”, que com a sua genialidade, que posteriormente ajudaram o surgimento de um novo estilo musical, que mais tarde foi rotulado de “tropicalista” e que iria revolucionar a MPB.

ORGANIZAÇÃOimg088

Esteve a cargo da TV RECORD, tendo a frente o seu Diretor-Proprietário, o sr. PAULO MACHADO DE CARVALHO FILHO, com produção de SOLANO RIBEIRO, que em depoimentos posteriores, contou que a intenção da emissora era de ter mais um programa musical, pois naqueles tempos, a RECORD já possuía “O FINO DA BOSSA”, e “SAMBALANÇO”, e já estava também em sua programação o lançamento da “JOVEM GUARDA”, fato que se deu no ano seguinte.

Neste tempo em que as maiores atrações da nossa TV eram os musicais, tempos da TV ainda em preto e branco, este festival contou com os arranjos musicais do maestro ROGÉRIO DUPRAT, ao som da Grande Orquestra da Record, tendo no comando do festival as locuções de BLOTA JÚNIO e SONIA RIBEIRO, contando ainda com as participações dos repórteres RANDAL JULIANO, REALY JÚNIOR e CIDINHA CAMPOS, que nos intervalos mostravam tudo o que estava acontecendo, principalmente dos bastidores deste importante evento musical.

img086Nesta noite aconteceu de tudo desde o impacto da presença de guitarras elétricas de conjuntos de jovens artistas, como os MUTANTES, que acompanharam o genial GILBERTO GIL no seu clássico “DOMINGO NO PARQUE”, e também com o conjunto roqueiro argentino dos “BEAT BOYS”, fazendo fundo musical para CAETANO VELOSO, no seu histórico e magistral ALEGRIA, ALEGRIA. Há de se registrar, que naqueles tempos misturar “guitarras elétricas”, “pratos” e “coral”, era o mais puro sacrilégio dentro da MPB. Eles foram inovadores e vencedores. Também nesta noite, dentro do festival, houve o momento na apresentação dom cantor-compositor SERGIO RICARDO, durante o seu número, que foi a melodia cujo título era de “BETO BOM DE BOLA”, perder a compostura após ser vaiado em sua apresentação, e muito chateado em quebrar o seu violão e atirar o mesmo em cima da platéia, sendo de registrar que esta sua música era muito feia mesma e todos não entenderam de como ela foi classificada para aquela finalíssima.

A VENCEDORA E AS OUTRAS FINALISTAS

Ao longo da história musical, do Brasil, foram poucas vezes em um só espetáculo musical de competição, se viu tanta coisa bem feita, a ponto do corpo de jurados e também os espectadores ficarem desconcertados na hora da decisão final.

img085O 1º lugar ficou com a melodia “PONTEIO”, composição de EDU LOBO e CAPINAN, defendida pelo próprio EDU LOBO, junto com a cantora MARILIA MEDALHA.

O 2º lugar foi para o genial GILBERTO GIL, para o seu “DOMINGO NO PARQUE”, vindo em seguida “ALEGRIA, ALEGRIA” de CAETANO VELOSO, “RODA VIVA” de CHICO BUARQUE DE HOLANDA, “EU E A BRISA” de JOHNY HALF e “O CANTADOR” de NELSON MOTTA e DORI CAYMMI, defendidos com o costumeiro brilhantismo vocal da inesquecível ELIS REGINA.


OUTROS PARTICIPANTES DESTA FINALISSIMA

Também competiram a lindíssima “A ESTRADA E O VIOLEIRO”, composição de SIDNEY MILLER, defendida por ele juntamente com NARA LEÃO, “MANHÃ DE PRIMAVERAde ADILSOM GODOY cantada pela exuberante MÁRCIA, vindo a seguir MARILIA MEDALHA secundada pelo conjunto MOMENTO QUATRO, quando defenderam a melodia “DIANA PASTORA” de autoria de FERNANDO LOBO e JOÃO MELLO, “UMA DÚZIA DE ROSAS” de CARLOS IMPERIAL, foi defendida com brilhantismo por RONNIE VON, e até ROBERTO CARLOS, compareceu defendendo um samba (muito bonito), de autoria de LUIZ CARLOS PARANÁ e que levava o título de “MARIA, CARNAVAL E CINZAS”.

img090EPÍLOGO

Somente quem viveu e assistiu a este show, como eu assisti, na casa de meus pais, na cidade de FORMIGA, minha terra natal, no já longínquo ano de 1967, é que pode sentir e contar de como foi a emoção de ver o surgimento de verdadeiros gênios da Música Popular Brasileira, numa longa e inesquecível noite do ano de 1967.

(fim)

Francisco José Géa

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Por Editor1

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