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Um dos grandes desafios que a sociedade brasileira enfrenta é o expressivo aumento da população idosa, assim como em outros países também. Segundo dados do IBGE (2014), atualmente há aproximadamente uma pessoa de 60 anos ou mais de idade para cada duas pessoas de menos de 15 anos de idade.Esta é uma conquista da humanidade, sem dúvidas, mas é uma situação extremamente preocupante porque na mesma proporção, ocorre um aumento significativo da incidência de doenças crônicas e incapacitantes, que exigem cuidados constantes, pioram com o tempo e não têm cura. Este é o caso das demências. Atualmente estima-se haver cerca de 35,5 milhões de pessoas com demência no mundo. Este número praticamente irá dobrar a cada 20 anos, chegando a 65,7 milhões em 2030 e a 115,4 milhões em 2050 segundo dados fornecidos pelo Relatório de 2012 da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado juntamente com a associação Internacional de Doença de Alzheimer (ADI). Segundo este relatório, estima-se que a cada 4 segundos, um novo caso de demência é detectado no mundo e a previsão é de que em 2050, haverá um novo caso a cada segundo. A Doença de Alzheimer é a causa mais frequente de demência. No Brasil, o estudo de Herrera (2002) e seus colaboradores, encontrou que 55,1% destas demências são decorrentes de DA e 14,1% são decorrentes de DA associada à doença cerebrovascular (DA + Demência Vascular). Neste estudo os pesquisadores encontraram que a prevalência foi maior entre as mulheres e em pessoas analfabetas (12,1%) do que em indivíduos com escolaridade de 8 anos ou mais (2%). Observa-se que as taxas de prevalência de demência também variam conforme a região em que se vive, a idade e a condição sócio-econômica. Um importante estudo realizado por dois brasileiros, Lopes e Bottino (2002), entre 1994 e 2000, demonstrou grande variação de prevalência de demência em diversas regiões do mundo: na África, uma prevalência de 2,2%; América do Norte, 6,4%; América do Sul, 7,1% ; Ásia, 5,5% e na Europa, 9%. Já quanto à prevalência de demência relacionada à idade, os pesquisadores encontraram que, indivíduos entre 65 e 69 anos tinham uma prevalência média de 1,17% e indivíduos acima de 95 anos, de 54,83%. Num outro estudo brasileiro, Nitrini e colaboradores em 2004, observaram que após os 65 anos, a taxa de demência dobrou a cada 5 anos, confirmando que a idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de Doença de Alzheimer e que o grupo de idosos com 80 anos ou mais é o que mais cresce. O estudo de Nitrini (1993) encontrou uma prevalência de Doença de Alzheimer de 54% dos casos após 85 anos. Em alguns outros estudos há uma variação de até 70% do total de casos. Já para a Demência Vascular, a segunda causa mais frequente de demência, a taxa foi de 20%. No Brasil, o conhecido Estudo de Catanduva demonstrou que a mulher (59%) desenvolve mais demência do que o homem (41%). Ninguém sabe ao certo a razão, mas uma forte possibilidade é o fato de que a mulher vive mais que o homem, em média 7 anos e a idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de DA. Vale ressaltar que a Doença de Alzheimer é democrática. Ela surge em qualquer pessoa, de qualquer nível sócio-econômico-cultural. Quanto à incidência de Doença de Alzheimer relacionada à idade, um estudo americano realizado por Snowdon (1997) também encontrou dados de que a taxa dobrou a cada 5 anos até os 90 anos, porém, este estudo percebeu que após os 93 anos, parecia haver uma relativa proteção, o que significa que após esta idade, os riscos parecem não crescer tanto. Não há dados sobre a incidência da doença de Alzheimer aqui no Brasil, entretanto, utilizando como base, pesquisas em outros países e dados do IBGE, podemos estimar que 1,2 milhão de pessoas sofram com a doença, cerca de 100 mil novos casos por ano. Estes dados poderiam ser muito maiores, se houvesse um criterioso estudo sobre isto, pois acredita-se que a Doença de Alzheimer é sub diagnosticada no país.

Referências Bibliográficas:

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira (2015). Rio de Janeiro: IBGE.

Relatório 2015: Demência – uma prioridade de saúde pública. http://www.alz.co.uk/WHO-dementia-report
Herrera, EJ; Caramelli, P; Silveira, AAS; Nitrini, R. Epidemiologic survey of dementia in a community-dwelling Brazilian population. Alzheimer Dis Assoc Disord, v.16, n.2, p. 103-8, 2002.

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Por Editor1

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