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Faleceu nó último dia 11 de julho ( quinta-feira ), na capital mineira, o ex-prefeito de Araxá e ex-deputado estadual, o advogado José Rodrigues Duarte, aos 83 anos.   Uma das últimas entrevista do saudoso Zé Duarte, foi feita pela edição de estreia da  REVISTA ARAXÁ  em dezembro e 2015. Acompanhe:

“Na história dos 150 anos de Araxá, na minha visão, um dos fatos marcantes que certamente considero a maior revolução econômica da cidade, vou descrever agora. Ao assumir a presidência da  Associação Comercial e Industrial de Araxá (ACIA) no ano de 1969, passei a freqüentar São Paulo com certa regularidade à procura do Grupo Itaú, sabendo do interesse deles na exploração do fosfato natural. Ao ser nomeado prefeito de Araxá em 1971, pelo então governador do Estado de Minas Gerais, Rondon Pacheco, um vocacionado pela industrialização do Estado, as negociações com o Grupo Paulista (Itaú) no sentido da mineração do nosso fosfato se intensificaram. Ainda em ambiente de desilusão da população araxaense da época, contaminada por placas nas ruas esburacadas, pobreza, desemprego, desalento social, onde se espelhava aquela máxima: “Quem sair por último da cidade, apague as luzes”. E após as medidas preliminares, nós partimos para a capital mineira (Belo Horizonte), onde, ao lado de vários conterrâneos de Araxá, testemunhamos a assinatura de 100 milhões de dólares apara o financiamento do Complexo Araxá Fertilizantes – Arafértil (hoje Vale). Eram tempos de ditadura militar, tempos difíceis, e Araxá vivia um ambiente de descrença, pessimismo e desconfiança dos conterrâneos. Mas com aquela ação, recebemos, no gabinete da prefeitura de Araxá, o emissário da empresa com alguns pedidos entre os quais estavam: “precisamos de mão de obra urgentemente e 150 alqueires de terra para a implantação do Complexo Industrial em Araxá. Diante de eminente pedido, como prefeito, enviei em regime de urgência, à Câmara Municipal, um projeto de lei criando um centro de treinamento de mão de obra especializada, por intermédio de Fundação Educacional Agro Industrial, em convênio com o Programa Intensivo do governo Federal.

“Levanta casa, derruba casa”

Pedreiros, eletricistas, encanadores, carpinteiros foram urgentemente preparados, treinados, diplomados e aptos para o trabalho que exigia o complexo de Araxá. O governador Rondon autorizou-me a negociar as terras da Hidrominas, abrindo o processo de compra e vende das mesmas. O ronco das pesadas máquinas dos caminhões fora de estrada, a movimentação dia e noite de trabalhadores egressos dos mais variados cantos do País assustavam os moradores da então pacata e humilhada Araxá, ainda sem água nas torneiras de suas casas, aguardando caminhões-pipa do DER com água do Barreiro. E tempo correu e surge o grande complexo industrial, com 6.000 empregos diretos e indiretos, mudando definitivamente a história econômica e social de Araxá. É oportuno relembrar que durante as negociações para viabilizar o empreendimento, exigimos a conciliação do projeto com o complexo hidrotermal do Barreiro. O governador Rondon exigiu o maior afastamento possível do complexo industrial do  Grande Hotel do Barreiro. Já na constituição de 1989, como constituinte, apresentei duas propostas sobre o assunto, ambas aprovadas e inseridas no teto constitucional. A primeira, obrigando a todas as mineradoras do Estado de Minas Gerais a recompor imediatamente as áreas mineradas e a segunda, o tombamento, para fins de conservação, do complexo  hoteleiro e hidrotermal do Barreiro de Araxá. (Art.84 das disposições constitucionais). A obrigação legal de fiscalizar o cumprimento da constituição e das leis também está prevista na própria constituição. O semblante cabisbaixo, sem esperança, humilhado de nossa gente mudou-se para um sorriso aberto, confiante e cheio de esperança. Confirmada a sábia sentença do saudoso jurista Sobral Pinto: “A esperança morre cinco minutos depois da morte”. Por isso essa minha visão de Araxá, em 150 anos de história, e também minha homenagem.”

(Reportagem Armindo Maia) –  FONTE:  Revista Araxá – dezembro de  2015

Em nota a Prefeitura de Araxá lamentou a morte de Zé Duarte e decretou luto por tres dias.

O sepultamento de José Rodrigues Duarte, foi em Belo Horizonte, onde viveu os últimos 6 anos ao lados da família.

 

 

 

Por Editor1

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