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Há 40 anos, vários produtores realizaram doações para criação da Fundação Cultural de Araxá (FCA), que viabilizou a concretização do grande sonho de implantação do ensino superior no município.

Um dos principais setores responsáveis pela origem de um ensino superior em Araxá volta a fazer parte da Fundação Cultural de Araxá (FCA), mantenedora do Centro Universitário do Planalto de Araxá (Uniaraxá). A fundação realizou na última quarta-feira, 5, a prestação de contas do trabalho realizado nos últimos dois anos e apresentou o novo estatuto da entidade, que tem como novidade a volta dos produtores rurais com cadeira permanente no Conselho Diretor da FCA. O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araxá, Alberto Adhemar do Valle Junior, representará a categoria até a eleição do novo conselho, que será realizada em março de 2013.

A vanguarda dos ruralistas está entre os principais fatores que deram origem ao ensino superior na cidade. Segundo o doutor em História da Ciência e professor de Ciências Humanas do Uniaraxá, Luciano Marcos Curi, o setor rural contribuiu significativamente para esse grande marco na história do município. Após várias tentativas frustradas de implantação do ensino superior, os produtores se uniram e surgiu, em 1972, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araxá (FAFI), hoje Uniaraxá, com a aprovação e criação de sua entidade mantenedora: a Fundação Cultural de Araxá (FCA).

“Os ruralistas foram uma das primeiras classes sociais a se ressentirem pela falta de uma faculdade local. O entusiasmo deles contagiou a cidade que, em uma segunda etapa, colaborou efetivamente, inclusive financeiramente, para que a faculdade de Araxá passasse do sonho a realidade. Liderados pelo saudoso ruralista Wirmondes Afonso Ribeiro, presidente da Cooperativa Agropecuária de Araxá Ltda (Capal) no período de 1971 a 1974, produtores fizeram suas doações para constituição do patrimônio inicial da FCA, o que viabilizou a concretização do grande sonho de implantação do ensino superior”, ressaltou Luciano Curi, na revista “Pedagogia em Ação”, desenvolvida por professores e alunos do curso de Pedagogia do Uniaraxá, publicada em novembro passado.

O reitor do Uniaraxá, Válter Gomes, disse que a grande contribuição do setor rural para o ensino superior de Araxá está registrada no “Livro de Ouro” da entidade. “Nós temos no Uniaraxá os nomes, as assinaturas e os valores das doações que cada um dos vários produtores realizaram para que essa instituição de ensino pudesse ser constituída. No início, os produtores rurais, através do sindicato da categoria, participaram de algumas diretorias, mas depois deixaram de ter indicações por motivos que não temos conhecimento. Agora, eles retomam seu lugar e estamos extremamente felizes com esse retorno. A manifestação dos produtores, feita através do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araxá e da Capal, Alberto Adhemar do Valle Junior, que desejavam participar e colaborar com o Conselho Diretor da FCA, é recebida com muita alegria, pois ser parte desse conselho é uma responsabilidade assumida gratuitamente, é uma doação ao ensino superior. Só temos que agradecer aos produtores rurais por quererem ajudar e se disponibilizarem a contribuir com esse trabalho”, colocou o reitor.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araxá, Alberto Adhemar do Valle Junior, argumentou que essa cadeira no Conselho Diretor da FCA é um resgate da união dos produtores rurais em prol de um ensino superior local. “A educação sempre foi uma preocupação dos agropecuaristas da nossa região. Trabalhamos, nos unimos há 40 anos, com a expectativa de tornar o sonho da população araxaense em realidade e conseguimos. Éramos conselheiros natos da fundação e, infelizmente, perdemos a cadeira. Agora, retornamos à fundação e queremos continuar a contribuir com o ensino de nossa cidade. Vários problemas sociais, como violência e consciência política, passam pela educação. Essa é nossa preocupação, que alias, deveria está sendo mais enfatizada pelos nossos políticos. Queremos contribuir para o desenvolvimento da educação e isso passa pela valorização dos professores do Uniaraxá. Só temos que agradecer a comunidade pela volta do produtor ao Conselho Diretor da FCA e a oportunidade de colaborar diretamente com o ensino superior de nossa cidade”.

O presidente da FCA, Wagner de Freitas, destacou que o setor rural já passa a fazer parte das decisões do Conselho Diretor da fundação. “Estamos entregando para a comunidade o novo estatuto, onde um membro do setor rural passa a fazer parte do conselho de administração. Neste momento, o representante do setor rural, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araxá e da Capal, Alberto Adhemar do Valle Junior, fará parte do processo. Ele já foi convidado a compor a mesa nesta solenidade de prestação de contas e será convidado a participar de todas as reuniões até março próximo, quando acontece a eleição da nova diretoria e os produtores assumem definitivamente sua cadeira permanente na entidade. Na eleição, o setor rural apresentará uma lista tríplice, com nomes da categoria que podem integrar o Conselho Diretor. O Conselho Comunitário vai eleger um desses nomes para representar a classe nos próximos dois anos”.

Estatuto FCA

De acordo com o novo estatuto, o Conselho Diretor é o órgão responsável pela administração das políticas e estratégias administrativas da FCA, sendo composto por 9 membros ( três representantes do Conselho Diretor anterior; dois representantes do Conselho Universitário; a(o) Secretária(o) Municipal de Educação; um representante da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), um representante da Associação Comercial, Industrial, de Turismo, Serviços e Agronegócios (ACIA) e um representante do Sindicatos dos Prosutores Rurais de Araxá.

O mandato do Conselheiro Diretor é de dois anos, sendo permitidas até duas reconduções consecutivas, devendo o interessado, à exceção da(o) Secretária(o) Municipal de Educação, submeter-se ao processo de escolha, onde cada segmento indicará três representantes para a cadeira a que tem direito no Conselho Diretor. A votação, por voto secreto, é feita pelo Conselho Comunitário, dentre os nomes indicados em cada uma das listas tríplices dos segmentos.

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