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Continuando minha reflexão sobre a tragédia de Brumadinho.

Considero a Vale uma pessoa jurídica responsável por um dos maiores crimes hediondos ocorridos no Brasil. Existe a conivência dos três poderes da república, nas esferas federal, estadual e municipal.

Seria cômico, não fosse tão trágica a situação, com a perda de mais de 300 vidas, a Vale se auto punir com o descomissionamento de outras barragens. Quem tem que determinar o que deve ser providenciado é o poder público, não o criminoso, querendo com isso passar uma imagem de boa empresa à sociedade.

Ficou claro como a luz do sol que as inspeções técnicas nessas barragens, licenciamentos e monitoramentos ambientais somente existem para “inglês ver” e para encher mais alguns bolsos de inescrupulosos.

Em qualquer lugar do mundo toda a diretoria de uma empresa criminosa, reincidente, como essa, bem assim seus diversos conselhos, já teriam recebido a carta de demissão. Aqui nada foi feito.

Outra piada é a contratação de consultorias técnicas e ambientais pela própria interessada: teriam que ser pagas pela empresa, mas ser selecionadas pelo poder público e responder ao poder público concedente das concessões à empresa.

Óbvio que a empresa contrata e paga bem a quem comunga com seus interesses. Não há a falar sobre independência nesses casos.

Sobre a descaracterização ou descomissionamento dessas barragens: essas ações têm que ser licenciadas e acompanhadas por técnicos do poder público conhecedores do tema. São ações de risco. A primeira providência tem que focar a proteção das pessoas e do meio ambiente, em caso de ocorrência de algum imprevisto. A reintegração das áreas ao ambiente tem que levar em conta que tal providência é de caráter definitivo. Segurança portanto e monitoramento por um longo período, até a completa reintegração. Não é mais admissível a convivência com drenos entupidos pelo assoreamentos ou pela vegetação, nem por canaletas de drenos quebradas, como mostraram imagens na barragem de Brumadinho antes do rompimento.

A tragédia de Brumadinho era perfeitamente previsível. Por isso é criminosa a Vale. Temos que mergulhar fundo nessa tragédia e fazer com que as perdas, principalmente de vidas, conduzam à mudanças profundas na desprezível forma de atuação dessa grandes “comodities “.

Em Mariana a tragédia destruiu comunidades pobres e ceifou 19 vidas mais humildes. Vale e Samarco vinham empurrando com a barriga providências e conseguindo sentenças parciais a seu favor. Tiveram o descalabro de não ajudar as vítimas vivas na recuperação de suas vidas. Agora a Vale conseguiu ceifar vidas de pessoas de melhor nível como médicos, engenheiros e administradores, entre outros. Talvez agora os servidores públicos, principalmente do judiciário, cumpram melhor com suas obrigações, punam os criminosos e os obriguem a reparar os danos, até onde isso for possível.

 

Daniel de Freitas

 

Por Editor1

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