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Produtores seguem receitas de família e não sentem crise que atinge outros setores da economia

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O sabor amargo da crise que afeta vários setores da economia também não é sentido com intensidade pelos fabricantes artesanais de doce de leite de Araxá, no Alto do Paranaíba, que mantêm o ritmo de vendas inalterado. A produção da iguaria tradicional ganhou força exatamente por ocasião da inauguração do Grande Hotel de Araxá, em 1944, e, depois, ajudou o município a superar as dificuldades financeiras decorrentes do fechamento do cassino do hotel, ocorrido dois anos depois da sua inauguração, em 1946, quando o jogo foi proibido no Brasil. “Antes, as famílias tinham o costume de fazer doces para o próprio consumo ou para a venda de casa em casa. Quando o Grande Hotel foi inaugurado, os hóspedes começaram a comprar doces nas mãos dos moradores. Com o fechamento do cassino, muitas pessoas ficaram em dificuldades e passaram viver somente da comercialização dos doces”, conta Euber Geraldo Ferreira – sua família atua no ramo há mais de 40 anos. Euber dirige uma fábrica de doces em Araxá que, segundo ele, produz cerca de 15 a 17 toneladas por mês e abastece os mercados de Belo Horizonte, do Alto Paranaíba e de outras regiões de Minas. O empresário tem como carro-chefe o doce de leite, que responde por 55% do seu negócio. O restante da produção é complementada pelos doces de frutas (em barra, em calda e cristalizados). A qualidade, de acordo com Euber, é o elemento principal que garante o bom volume de vendas do doce de leite de Araxá, evitando abalos da crise. “Não usamos conservantes e nem corantes. A produção é feita no sistema caseiro, sem a necessidade de aromas artificiais”, afirma. Para conquistar um novo nicho de mercado, ele também começou a produzir o alimento sem lactose. O empresário conta que a fábrica de doces que hoje comanda, fundada por seu sogro, surgiu exatamente em decorrência de uma situação difícil. “O meu sogro, José Rubens Porfírio, tinha uma construtora, que entrou em crise financeira. A mãe dele, Cecília, tinha algumas receitas e, com isso, ele começou a produzir e vender o produto para superar as dificuldades financeiras”, relata Euber Ferreira, que produz os doces Cecília. Outro fabricante artesanal doce de leite de Araxá que está satisfeito com as vendas mesmo nos tempos de crise econômica é Luiz Augusto Nunes de Almeida, de 62 anos. Sua família está no ramo há 46 anos e, como forma de impulsionar o negócio, ele adotou o sistema de vendas pela internet. Também apostou na versão com menos açúcar, enfatizando que sua empresa foi a “primeira indústria do Brasil a produzir doces artesanais diet”.
Mas, a estratégia mais bem-sucedida que Luiz Augusto adotou para o incremento da comercialização foi a montagem de uma loja que recebe turistas e permite que os eles possam conhecer “in loco” a produção artesanal de doces e receber informações sobre a tradição em Araxá, que surgiu há mais de 200 anos, segundo antigos moradores.
Conforme Luiz Augusto, 10 em cada 10 clientes que conhecem o processo artesanal acabam comprando algum produto. “O efeito visual é muito forte. As pessoas têm a oportunidade de testemunhar que o nosso produto é feito no sistema tradicional, com o máximo de qualidade e sem conservantes. Essa transparência é o nosso diferencial”, assegura. O empresário conta que sua família iniciou as atividades com a fabricação artesanal de doces de fruta em compota e cristalizados. Há 30 anos, começou a produzir o doce de leite que, hoje, responde por 50% do volume produzido pela empresa. Luiz Augusto diz que recusa a comercialização no atacado e que prefere vender o seu produto direto para o consumidor. Ele chega a comercializar de 1,5 mil a 2 mil toneladas de doces por mês.

DIFERENCIAIS

Também fabricante artesanal de doce de leite em Araxá, Márcia Helena Larque Moneda diz, sem rodeios, que seu negócio segue de vento em popa, à margem da recessão. “A crise não me atingiu. Pelo contrário, as vendas até aumentaram. Graças a Deus”, afirma Márcia, que, juntamente com o marido, administra uma empresa familiar.

“Nossos doces não têm conservantes e têm um alto padrão de qualidade. Esse diferencial permite manter o patamar de vendas ou ampliar o mercado”, assegura Márcia Helena. Ela fornece doces (no atacado) para a região do Alto Paranaíba e para Belo Horizonte. Mas também trabalha com a venda direta para o consumidor, fornecendo para a empresa que, atualmente, administra o antigo Grande Hotel de Araxá e um resort em Atibaia, no interior de São Paulo.

BOAS PRÁTICAS

Tanto a goiabada cascão quanto o doce de leite precisam das chamadas boas práticas para conquistar mercado. “É a garantia de alimentos seguros”, explica Thaís Kalil, coordenadora estadual de Agroindústria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Os produtores, explica Thaís, têm de cuidar da higiene do local de produção e dos equipamentos, além de garantir a qualidade dos insumos. Afinal, alerta a especialista, “o produto precisa ter uma maior vida de prateleira”

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Por Editor1

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