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librario_3Aluna da Escola Estadual Ari da Franca, em Belo Horizonte, a jovem Helena Regina Carneiro, 15 anos, comemora a facilidade para se comunicar com os três colegas surdos que dividem com ela a sala do 1º ano do ensino médio. A utilização da Linguagem Brasileira de Sinais – Libras ficou ainda mais fácil para Helena depois que a turma recebeu uma oficina do Librário: Libras para Todos, jogo criado por alunos da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), que está tornando mais acessível o aprendizado de Libras no estado. Desenvolvido no Centro de Estudos em Design e Tecnologia (CEDTec) da Escola de Design da Uemg, o Librário é um baralho de pares de cartas que contém os sinais de Libras e seus respectivos significados em português. Divertido e inclusivo, o jogo estimula o aprendizado da língua, colaborando para o processo de inclusão dos surdos. “Um ouvinte geralmente não tem dificuldade para aprender Libras, ao passo que oralizar um surdo é muito mais difícil, e nem todos conseguem”, explica a professora da Uemg e coordenadora do Librário, Rita Engler. As cartas do baralho contêm o sinal das Libras e o seu respectivo significado. O Librário possui diversas formas de ser trabalhado. Em uma delas, por exemplo, os alunos brincam gesticulando o sinal enquanto os colegas adivinham o que ele significa, como um jogo de mímica. Ou, então, é possível jogar como um jogo de memória, virando as cartas na mesa e treinando os sinais. O projeto inclui a realização de oficinas de Libras para a comunidade escolar. Na Escola Estadual Ari da Franca, no bairro Santa Mônica, o encontro aconteceu em agosto e envolveu professores e alunos. “Foi muito legal, porque aprendemos de forma divertida. Ficou bem mais fácil de memorizar os sinais com o baralho”, diz a jovem Helena. Com ajuda das criadoras do Librário, os alunos do 1º ano do ensino médio também fizeram um baralho próprio, que poderá ser utilizado por outras turmas na escola. “Eu conseguia me comunicar com os nossos colegas surdos na sala, mas aprendi novas palavras com o jogo. Também já tive a oportunidade de usar a Libras fora do colégio, orientando um surdo a pegar ônibus perto do meu trabalho. Fico muito feliz de aprender e poder ajudar”, comemora a estudante. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que cerca de 6% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Em Minas Gerais, a maior recorrência é de deficiência auditiva, que atinge 2,5% da população. “Essas atividades realizadas nas instituições de ensino melhoram a qualidade da educação, tornando-a mais inclusiva, e, portanto, gerando transformação social”, ressalta Rita Engler. Para difundir ainda mais a tecnologia social, o jogo é disponibilizado gratuitamente também como aplicativo para computador e celular – tanto para iOS quanto para Android.  “A versão em papel é mais dinâmica e coletiva, é um momento de diversão para as crianças. Já o aplicativo funciona bem para o aprendizado individual”, explica Rita. Atualmente, dez pessoas estão envolvidas no projeto na Uemg, que recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Existem duas versões do baralho: uma geral, com vocábulos do cotidiano, e outra ligada às artes visuais. A ideia é produzir novos baralhos com temas específicos, como matemática, biologia e outros. “Em breve divulgaremos um financiamento coletivo pela plataforma do Catarse para angariarmos fundos para a produção de novos Librários, que serão disponibilizados gratuitamente para as escolas e instituições de ensino”, diz Rita.

Por Editor1

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