Enquanto o volume de água da nascente do ‘Velho Chico’ míngua, a degradação ambiental e o desrespeito do homem à natureza da Serra da Canastra em São Roque de Minas, berço da nascente do Rio São Francisco, são devastadores, hoje o que se discute a respeito daquele Parque Ecológico e sua importância para a região e o meio ambiente, é a remoção da estátua de São Francisco do local sagrado onde nasce um dos maiores e mais importantes socialmente, culturalmente, rios de água doce da América Latina. Na semana que passou, depois de uma antiga pendenga que parou nas barras dos tribunais, a Justiça Federal concedeu uma liminar que proíbe a retirada da estátua de São Francisco do Parque Nacional da Serra da Canastra em São Roque de Minas. Essa decisão importante foi proferida depois de uma ação do defensor público Estevão Ferreira Couto. Ao revisar o Plano de Manejo, que são normas que regulamentam o parque, ele notou que um dos itens no documento de mais de 500 páginas permitia a retirada da estátua a qualquer momento. Estevão defende que a estátua faz parte do patrimônio cultural e religioso da região e, por isso, atua em defesa dos moradores da área. Já a administração do parque e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade afirmam que não há intenção de retirar a estátua do local. De acordo com o juiz federal Bruno Augusto Santos Oliveira, o item que permite a retirada da estátua está agora suspenso do Plano de Manejo e só depois da sentença ele poderá ser extinto do documento. O juiz ainda disse que tentará marcar para os próximos meses uma conciliação entre a Defensoria da União e o ICMBio, para que entrem em acordo e retirem o item do Plano de Manejo. Segundo o juiz, no documento consta que a estátua poderia ser retirada do parque e doada a uma igreja dentro da área urbana de São Roque de Minas. Mesmo a administração não tendo intenções de fazer essa remoção, o defensor público achou melhor garantir que a estátua permaneça no local, onde já está há mais de 40 anos.