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Segundo a ambientalista Rosângela Rios, Araxá tem muito a comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente.

O Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado tradicionalmente no dia 5 de junho, data que os municípios comemoram realizando ações voltadas a este assunto. Em meio à novidade da exploração das terras-raras anunciada pela Mbac e pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) aqui no município, a ecóloga, bióloga, ambientalista e consultora ambiental, Rosângela Rios, afirmou que Araxá já é uma grande referência do Estado neste  segmento do meio ambiente, muito antes dessas notícias citadas anteriormente.

Segundo Rosângela, a Prefeitura Municipal de Araxá já recebeu prêmios por causa da criação de uma associação destinada aos catadores de lixo. “Esse trabalho é de fundamental importância porque, além de você resgatar a cidadania do catador, a Prefeitura viabilizou a sobrevivência deles através de um projeto, que é o repasse para o catador daquilo que o município deixa de gastar. Isso virou lei, enterrando o reciclado”, lembrou.

De acordo com ela, a Companhia de Saneamento de Água e Esgoto de Minas Gerais (Copasa) já deu início para que Araxá obtenha esgoto 100% tratado. “Então, esse processo, que dura mais de 10 anos, credencia-nos a dizer que a área urbana não joga a sujeira ‘debaixo do tapete’. O núcleo urbano é um dos que mais causam essa poluição do solo e da água. Hoje nós temos um tratamento de esgotado já estacado, quer dizer, não está totalmente completo, mas está funcionando”, comentou.

“Araxá foi projeto-piloto no Estado de Minas Gerais com um plano de gerenciamento de resíduos sólidos integrado, quer dizer, não pega somente o lixo doméstico, mas os resíduos da construção civil. Realmente, nós avançamos muito e temos muito a comemorar. Fico muito emocionada quando passo na Olegário Maciel e vejo a loja com uma sacola já pronta para o catador levar”, acrescentou a bióloga.

Rosângela destacou que, apesar de Araxá ser essa referência no meio ambiente no âmbito estadual, a população deveria se conscientizar da importância de um mundo menos poluído. “O cidadão precisa fazer mais a sua parte, então, por exemplo, nós temos muitos lotes vagos aqui em Araxá. Essa época agora é crítica. As pessoas jogam lixo ainda, apesar de que tem a coleta diária, e pior, colocam fogo. E o fogo não limpa, só muda a sujeira de lugar. Não se pode jogar lixo na rua, existem lixeiras. Você vê que existem lixeiras e elas sofrem vandalismo. Parar de cortar árvores nas portas das casas, porque, às vezes, as árvores estão adequadas e as pessoas alegam que sujam por causa das folhas que caem. A árvore não suja. A folha não é sujeira”, salientou.

Para a ecóloga, existem fatores mais agravantes que simplesmente uma folha de árvore caída no chão. “Sujeira é o homem que cospe, que urina na rua, o cachorro que faz ali as suas necessidades, e o cara que está andando [com ele] não recolhe as suas fezes. Então, isso realmente é uma sujeira. As árvores com as folhas até enfeitam. Você sabe que uma folha de árvore quando chega a cair já devolveu para a árvore toda a matéria-prima de que precisava? Uma árvore adulta são 27 metros quadrados de área verde. Ela melhora a umidade relativa do ar, tira a água do solo. Nessa época de seca que vamos entrar agora, ela é fundamental. Então, vamos fazer a nossa parte”, finalizou.

Terras-raras

Em entrevista ao Jornal Interação, Rosângela também comentou sobre o anúncio da exploração de terras-raras pela CBMM. Na visão da ecóloga, a mineradora não perdeu o ‘trem da história’. “As terras-raras até então não tinham um valor comercial porque a China dominava o mercado. Hoje a CBMM, com essas pesquisas e com essa planta-piloto, está comprovando um certo pioneirismo e que realmente não está perdendo o ‘trem da história’”, colocou.

Rosângela explicou que, por meio das terras-raras, foi possível se chegar à miniaturização dos componentes eletrônicos que fazem parte da vida de qualquer cidadão. “Um gravador ou um celular convencional tem 25 gramas de terras-raras. Hoje não se faz nada sem as terras-raras. A Petrobras não processa gasolina sem terras-raras. Seu carro não liga sem terras-raras, e o mundo hoje depende da tecnologia da informação. Em termos ambientais, é muito importante”.

Com o anúncio de que duas empresas querem explorar terras-raras em Araxá, Rosângela ressaltou que o alvo da Mbac é diferente do da CBMM. “O alvo de exploração da Mbac está fora do decreto de lavras da CBMM. São 17 elementos. Já foram detectados no Barreiro 14 elementos. Para cada elemento, existe uma tecnologia e uma aplicação específica. Por exemplo, o lantânio: a Petrobras gasta 900 toneladas por ano. Quando você para na rua e o sinal vermelho acende, aquela luminosidade é um elemento de terras-raras que está sendo usado ali”, constatou a consultora ambiental.

Rosângela Rios ainda informou que riscos ambientais por parte da CBMM e da Mbac Fertilizantes para a produção de terras-raras não existem. “Não existem riscos ambientais para a saúde. Se a mineração for feita da forma correta, você tem impactos ambientais mitigados [controlados] pelas mineradoras por meio do Sistema de Controle Ambiental. A conduta da Mbac e da CBMM será a mesma em relação a isso”.

E ainda finalizou. “Otimizar é fazer que o recurso natural dure mais tempo. Isso é desenvolvimento sustentável. Isso é pensar nas gerações futuras. Então, se nós dominarmos essa tecnologia, tivermos esse ‘know how’, estamos preservando recursos naturais para as gerações futuras”, concluiu.

Por admin

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