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Carmela Pezzutti

18//10/2014- 12:39

PorEditor1

out 18, 2014

Nasceu em Araxá/MG, em 1926, entrou na organização denominada COLINA (Comando de Libertação Nacional) que tentava derrubar o regime militar. Em janeiro de 1969, semanas depois do AI-5, o golpe dentro do golpe, ela trabalhava no Palácio da Liberdade na assessoria do governador Israel Pinheiro, quando seu filho Ângelo foi preso (13 de janeiro) como militante do COLINA (Comando de Libertação Nacional). Duas semanas depois, seu outro filho Murilo foi preso no Bairro São Geraldo, junto com Jorge, Zezé Nahas e Maria Auxiliadora Barcelos, após tiroteio com a morte de dois policiais.

O próprio governador mandou a ela um recado para deixar Belo Horizonte, mas não houve tempo e no mesmo dia, 29 de janeiro, Carmela foi presa, apesar de, naquele momento não ter participação na resistência.

Ângelo passou por torturas e foi obrigado a assistir “aula de tortura” no Rio, “ministrada” pelo notório Capitão (na época tenente) Ailton Guimarães, que posteriormente virou chefe criminoso no Rio e Espírito Santo, e a cobaia era seu irmão mais novo Murilo.

No ano seguinte, Ângelo e Murilo, estavam entre os 40 presos políticos trocados pelo embaixador Alemão seqüestrado pela guerrilha urbana e foram levados à Argélia. Seis meses depois, Carmela estava entre os 70 presos trocados pelo embaixador suíço e desembarcou no Chile, para onde foram seus dois filhos.

No Chile, Ângelo retomou o curso de Medicina, interrompido pela sua prisão e casou-se com Maria do Carmo Brito (que fora companheira de Juarez Brito, assassinado no Rio pela repressão política), com quem teve um filho, Juarez.

Com o golpe contra Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, Ângelo e Murilo asilaram-se na embaixada do Panamá e Carmela, que tinha cidadania Italiana, foi para a Itália e depois se juntaram na França.

Ângelo concluiu psiquiatria em 1975 na França e um mês depois morreu em um acidente de moto exatamente no dia 11 de setembro.

Carmela voltou à Itália onde ficou até a Anistia de agosto de 1979.

Murilo foi viver no Mato Grosso, perto da fronteira com a Bolívia, onde morreu, deixando dois filhos, Jerônimo e Maíra.

Mesmo perdendo seus dois filhos adorados, ela encontrou forças para seguir participando das lutas do povo mineiro, dedicando-se à creche “Casa da Vovó”, uma das primeiras do movimento de lutas pró-creche (no começo, reuniram-se na Jornada dos Bairros).

Sua irmã Ângela, tornou-se o anjo da guarda, primeiro de Carmela e seus dois filhos, depois de todos os presos políticos. Ela foi uma das pioneiras do lendário movimento feminino pela Anistia, fundado em 1975, por mulheres valentes.

Faleceu aos 82 anos, em Belo Horizonate, no dia 9 de novembro de 2009, deixando muitas saudades e , sobretudo, exemplo extraordinário de combatividade e coragem para todos aqueles que a conheceram e acompanharam a sua trajetória de luta.

Fonte:  INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA / I.H.G. e Blog do Nilmário

Por Editor1

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