Logo Jornal Interação

A Fatalidade

9//08/2013- 16:16

PorEditor1

ago 9, 2013

Um relato do piloto, parceiro e amigo de Julio Dário, sobre a possível causa do seu acidente fatal: Cel.Paulo Pinto vive hoje no Rio de Janeiro, é oficial da reserva da FAB. Dentre várias qualificações, piloto militar formado no Campo dos Afonsos, piloto de caça, líder de Esquadrão de Caça, piloto de helicóptero – 2.500 horas de caça,  400 horas de helicóptero, checador do comando de transporte aéreo, Piloto de Linha  Aérea (PLA), piloto comercial de helicóptero,  piloto de asa-delta,  piloto instrutor de parapente.

Na Aviação de Caça, quem vê o outro primeiro, já está com meio combate ganho.

Daí, ser uma prática comum entre Pilotos de Caça voando isolados, estar sempre à busca de um oponente, especialmente se for outro Caçador, para surpreendê-lo com um ataque – aquela lenda dos pilotos se cumprimentarem e iniciarem o combate em absoluta igualdade de condições, só em treinamento (e talvez na I Guerra, logo no início quando os pilotos ainda eram nobreza). Na guerra, o que se quer é abater o inimigo sem que ele nos veja.

É uma forma de fazer com que o Caçador valorize sempre a “vigilância dos ceus” e se habitue ao “pescoço de coruja”, sempre vasculhando em busca do ïnimigo”.

E foi isso que aconteceu. Ele vinha de Santa Cruz para a Restinga da Marambaia a fim de trazer alguém que lá estava (é na Restinga que o Grupo de Caça faz treino de tiro e bombardeio e, semanalmente, uma equipe fica lá de segunda à sexta).

Vindo de SC, a direção é quase que alinhada com a pista da Marambai (pista de terra, areia e capim que pode ser vista no Google Earth nas coordenadas  23graus 03 min 59,56 segundos Sul / 043 graus 52 minutos 46,56 segundos Oeste )

Ocorre que o pouso era na pista contrária, pois o vento era Norte. E já estava na final para pousar o nosso colega de turma Tommy Blower, também de T-6. O Tommy vendo o Azevedo vindo rasante em sentido contrário, arremeteu para a direita para lhe dar passagem.

A partir daí, tudo é suposição. Nós achamos que o Júlio, rasante, viu o Tommy arremetendo para a direita e prosseguindo paralelo à pista na direção oposta (Norte). Provavelmente, quando o Tommy passou pelo través esquerdo dele, ele deu uma cabrada violenta para a esquerda com intenção de encaudar o Tommy. E nessa puxada , o avião reagiu violentamente em um estol assimétrico (a asa de fora estola e o avião gira violentamente para o lado de fora da curva (mas também pode girar para o mesmo lado com estol da asa interna – nunca soubemos para que lado o T-6 girou).

O T-6 que ele estava voando era o modelo G, mais pesado e usado para instrução IFR e essa reação era bastante comum nele. Muita gente se deu mal porque, habituada ao modelo D, mais leve e acrobático, esquecia do detalhe e fazia manobras comuns no D, mas muito complicadas no G.

O Azevedo estava voando muito T-6 D, especialmente, treinando muita acrobacia com o outro amigo nosso da Esquadrilha da Fumaça, o Sergio Ribeiro.

E, provavelmente, fez no  T6-G o que se habituara a fazer no D.

Como estava rasante, o avião se chocou com o terreno em seguida.

Isso ocorreu bem na cabeceira Sul da pista (23 graus 04 minutos 09,71 segundos Sul / 043 graus 52 minutos 54,14 segundos Oeste). Quando termina a pista, pode-se ver uma trilha clara no Google. O avião caiu exatamente ali onde a trilha inicia e a pista acaba.

Por Editor1

One thought on “A Fatalidade”
  1. Caro amigo. Li com entusiasmo o seu relato. Mas parece que ficou no meio da história, sem um desfecho. Fiquei tão empolgado com o relato, mas ao final, senti que faltou o “algo mais”. Fica aqui o pedido.
    Abraço e gostaria de ler outros relatos!
    Abraço
    Ferrão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *