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Jornalista diz que Brasil não tem condições de promover Copa do Mundo e Olimpíadas.

Nesta terça-feira, 16, o jornalista Juca Kfouri esteve em Araxá para participar do Sempre um Papo, no Centro Universitário do Planalto de Araxá. Ele falou para um público seleto, formado por professores e alunos do Uniaraxá e representantes da sociedade civil e organizada da cidade, sobre o Brasil dos megaeventos, já que a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 serão aqui no País. O Sempre um Papo teve em sua condução o jornalista Afonso Borges, idealizador do programa há 27 anos, que leva cultura a todo o Estado.

Formado em Ciências Sociais, pela Universidade de São Paulo (USP), Juca disse, durante o evento, que, ao invés de ficar feliz com a realização desses megaeventos no Brasil, ele se entristece por ver o Brasil sem condições de promover eventos que reúne turistas de várias partes do mundo.

“A Copa do Mundo, em tese tem, se a África do Sul organizou, por que o Brasil não pode organizar? O que o Brasil não poderia era organizar a Copa do Mundo da Alemanha aqui, da Ásia também aqui, teria que fazer a Copa do Mundo no Brasil, mas não isso que estamos vendo. Infelizmente, não é isso que estamos vendo. O Brasil está construindo 12 estádios, 5 dos quais vão virar elefantes brancos. Os legados para as cidades serão muito poucos. Nesse aspecto, não deveríamos fazer essa Copa”.

O jornalista citou exemplos de elefantes brancos como, por exemplo, o estádio de Brasília, que está sendo construído com capacidade para 70 mil pessoas ver Gama x Sobradinho, ou senão, as arenas de Cuiabá e Amazonas, “que nem futebol de primeira divisão não tem lá. Com certeza, a Ivete Sangalo não vai cantar lá”, ironizou o jornalista.

Em relação à Olimpíada, para o jornalista, não justifica o Brasil realizar esse evento por não ter política esportiva. “A Olimpíada é um bofetão na nossa cara. [O Brasil] não tem nenhuma tradição olímpica. Não se cria essa tradição a partir de sediar uma Olimpíada e ainda mais organizada pelas mesmas pessoas que fizeram o fiasco dos Jogos Pan-americanos de 2007. Traz-me tristeza e a necessidade e a obrigação de denunciar”, colocou Juca.

Para ele, o esporte tinha que ser pensado pelos governantes como fator de saúde pública. “Você como um país de 180 milhões de habitantes, se colocar todos a fazer esporte, desta quantidade, você tira qualidade. Essa qualidade que tem que buscar medalhas e competir. Não faz nenhum sentido o Brasil ficar preocupado em fazer campeões olímpicos. Está longe disso”, comentou.

Juca vê o Sempre um Papo como uma grande oportunidade de informar as pessoas sobre o assunto que gera tanto debate nos veículos de comunicação e nas redes sociais. “A gente aprende muito mais do que ensina. Conversar com a juventude é o melhor termômetro para saber o que e como está entendendo. Para quem deseja ser jornalista, você tem que ler tudo que cair em suas mãos, ler a boa literatura em Língua Portuguesa, de Eça de Queiroz a Graciliano Ramos, passando por Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, enfim, pelos grandes autores brasileiros”, salientou.

Juca Kfouri foi diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na Rede TV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999. Atualmente está também na ESPN Brasil. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, desde 2000, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance! onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha.

Juca agradeceu a plateia por ter ficado até o fim do Sempre um Papo e assinou a sua obra lançada mais recente que se chama “Por que não desisto”, que estava sendo vendida a R$ 5 no Uniaraxá, a preço de custo, sempre com o objetivo de incentivar o hábito da leitura entre todos.

“Eu sempre gostei do trabalho dele. Ele é um jornalista atuante em nosso país. Se tivessem mais pessoas como ele em nosso país com certeza o Brasil seria melhor”, falou a professora Maria das Graças, que leciona Português, na Escola Estadual Armando Santos. “Todos deveriam se espelhar nele. Mesmo com a confirmação da realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas aqui, ele não deixa de alertar a população sobre o assunto abordado hoje (16). Foi muito bom o Sempre um Papo”, completou o estudante de Educação Física no Uniaraxá, Mário Célio Gonçalves.

O próximo Sempre um Papo será no próximo dia 7 de maio, com o jornalista Tarso Araújo, que vai falar um pouco das políticas públicas relacionadas ao consumo de drogas no País. Na ocasião, ele vai trazer a sua obra lançada em 2012, denominada “Almanaque das Drogas”, que promove uma discussão sobre as drogas lícitas e ilícitas, abordando aspectos históricos, econômicos, políticos e de saúde.

A temporada do Sempre um Papo foi aberta no último dia 19 de março, com a presença do jornalista Zeca Camargo, editor-chefe e apresentador do programa “Fantástico”, da Rede Globo, veiculado sempre aos domingos.

Por Editor1

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